Genteeeee , escrevo isso com a mão trêmula e o espírito abatido. Porque há notícia que não pede brilho, pede silêncio respeitoso. Mas quando ela explode na praça pública, a gente não pode fingir que não viu.
João Guilherme, 14 anos, filho de Letícia Birkheuer, foi direto, duro, devastador. Em vídeo ao lado do pai, o empresário Alexandre Furmanovich, o adolescente pediu à Justiça a suspensão das visitas obrigatórias à mãe e soltou a frase que atravessa qualquer sala de estar, do Leblon a Ipanema. “Não quero mais contato com ela.”
É o tipo de frase que não se ensaia. Ela vem quando o limite já foi ultrapassado faz tempo.
O garoto diz estar exausto. Exausto de exposição, de conflito, de virar legenda emocional em rede social. Afirma que pediu, implorou, para que a briga ficasse onde deveria estar desde o início, nos autos do processo, no consultório dos psicólogos, no colo do sigilo. Não foi ouvido.
João fala em ser tratado como objeto de engajamento. Fala em episódios de agressão. Fala que já fugiu da casa da mãe. Fala como quem não quer mais falar, só quer paz. E isso, minha gente, é de partir qualquer coração que ainda bata.
Ao lado dele, o pai não faz espetáculo. Não grita. Não lacra. Diz apenas o óbvio que anda em falta. Questões de guarda e saúde mental não são conteúdo. Não são stories. Não são palco.
Do outro lado, Letícia segue se defendendo nas redes. Chora. Nega agressões. Diz que é vítima de uma narrativa cruel. Afirma gastar tempo, dinheiro e energia numa batalha que dura anos e garante que não vai desistir do filho. É dor real, ninguém duvida. Mas também é dor exposta, repetida, compartilhada, curtida.
Estou arrasada neste Natal. Porque quando um adolescente pede distância da própria mãe, isso não é rebeldia. É alerta. Quando um menor implora para sair do centro do espetáculo, isso não é birra. É sobrevivência emocional.
Essa história não é sobre quem posta melhor, quem chora mais bonito ou quem ganha a simpatia do público. É sobre um menino pedindo para ser ouvido sem câmera, sem filtro, sem plateia.
E euzinha não cochicho, eu “hablo”. Porque nos salões onde ninguém fala alto, mas todo mundo escuta, o roteiro é outro. Nos corredores do Jardim Europa em SP e nas conversas atravessadas que circulam em Brasília, inclusive em áreas sensíveis do Supremo, o comentário venenoso é direto ao ponto. Há quem diga, sem pudor, que o menino estaria sendo coagido pelo pai. Que o discurso não teria nascido sozinho. Que frases, dores e decisões estariam sendo cuidadosamente sopradas no ouvido certo. Nada disso está provado, registre-se. Nada consta nos autos. Mas o burburinho insiste, cresce, se repete. E quando o mesmo sussurro ecoa em tantos ambientes diferentes, não é invenção isolada. É rumor pesado. Bastidor sujo. Daqueles que não condenam, mas contaminam.