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Kátia Flávia
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Mulher afirma ter ficado cega, surda e sem andar após colocar implante de silicone em hospital do Rio

Mulher afirma ter ficado cega, surda e sem andar após colocar implante de silicone em hospital do Rio

Kátia Flávia

12/04/2025 9h30

Mulher afirma ter ficado cega, surda e sem andar após colocar implante de silicone em hospital do Rio

Que horror, meu Deus. Estou aqui na varanda de casa deitada na minha rede e olhando o movimento da rua, quando minha amga de Santa Teresa apareceu para me contar desse caso que aconteceu em um hospital lá na zona norte.

Uma mulher chamada Luciene de Sousa alega ter ficado cega, surda e sem conseguir andar após fazer uma cirurgia de implante de silicone nos seios feita no Hospital Semiu, na Vila da Penha, localizado na zona norte do Rio.

A vendedora de roupas acusa a equipe médica de negligência e erro durante o procedimento que foi realizado há 10 meses. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso após a mulher expor o ocorrido em suas redes sociais.

Após dar à luz aos dois filhos, Luciene contou que conseguiu economizar e juntar os 20 mil reais necessários para pagar pelo procedimento. Mas, na mesa de cirurgia, a paciente teve uma parada cardíaca.

“Esse sonho virou um pesadelo. Fui fazer uma cirurgia, feliz, porque eu queria colocar [as próteses] após ser mãe. Juntei dinheiro e paguei tudo. Mas, ao acordar, começou o pesadelo”, lembra a jovem, aos prantos, em seu perfil oficial no Instagram.

Depois de ter passado mal, Luciene confessou ter sentido medo de morrer e deixar os filhos sozinhos. “Estava tudo escuro e eu pensei: ‘estou morta’. Comecei a falar com Deus, em pensamento, para que Ele não me deixasse morrer. Quem cuidaria dos meus filhos? Eles precisam de mim. Não sei quanto tempo depois, acordei já sem audição e com meu corpo paralisado do peito para baixo. Bateu um desespero”, conta.

A vendedora contou que a equipe médica da unidade esqueceu de fazer os curativos em suas mamas, o que acabou resultando em um quadro de necrose. “Eles esqueceram que colocaram o silicone. Quando abriram para fazer os curativos, estava necrosado. Tinha um buraco no meu peito. Mesmo assim, a médica me deu alta”, relata.

A prima da vendedora, Dandara Costa disse que Luciene precisou ser transferida para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio de Janeiro, onde passou por duas cirurgias para a retirada das mamas e realização de enxertos. “A minha prima foi submetida a duas cirurgias no Souza Aguiar, depois que a médica a encaminhou para lá. Ela teve que fazer um enxerto, retirando tecido das pernas e do bumbum para reconstruir o peito. Após a cirurgia, ninguém deu assistência. Ninguém explica o que aconteceu. Só disseram que ela teve uma parada cardíaca, e ficou por isso mesmo”, afirmou Dandara.

Nove meses depois, Luciene relata sequelas graves: perdeu as mamas, depende de uma sonda urinária, ainda tem dificuldades para enxergar — já que recuperou 70% da visão — e se locomove com cadeira de rodas. Além da perda auditiva. “Ninguém sabe explicar o que eu tive. Eu estou apenas com 70% da visão, não ando e não escuto. Hoje eu só tenho ajuda da minha família e dos meus amigos”, desabafa a vendedora.

Segundo a família de Luciene, após inúmeras tentativas de resolver o caso de forma amigável não avançarem, o caso foi registrado na 27ª Delegacia de Polícia de Vicente de Carvalho como lesão corporal.

Em entrevista ao G1, a Polícia Civil disse que o registro foi feito na quarta-feira (9/4) e que já foram solicitados documentos ao hospital. Os materiais serão analisados e diligências estão em andamento para apurar os fatos.

Em um comunicado, o Hospital Semiu informou que a médica responsável pela cirurgia não tem qualquer vínculo formal com a instituição. “A referida cirurgia se deu de forma autônoma e sob exclusiva responsabilidade técnica e administrativa da médica”, diz o comunicado.

O hospital declarou que apenas cedeu suas instalações para a realização do procedimento e que é comum médicos utilizarem centros cirúrgicos de hospitais sem vínculo empregatício. “As obrigações do complexo hospitalar ficam restritas ao fornecimento de recursos materiais, e não houve qualquer queixa da paciente sobre essas condições”, completou a direção. A instituição reforçou que “possui toda estrutura e suporte necessário para garantir a segurança para o tipo de procedimento realizado”.

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