O Brasil acordou com o coração em pedaços. Lô Borges, o mineiro que transformou a simplicidade em melodia eterna, partiu nesta segunda-feira (3), aos 73 anos, em Belo Horizonte. O compositor, internado desde 17 de outubro por uma intoxicação medicamentosa, enfrentava dias delicados na UTI e não resistiu. A família confirmou a notícia que ninguém queria ouvir — e o silêncio de Minas, hoje, é uma canção triste.

Foi ele quem ensinou que o vento também compõe, que o trem pode ser azul e que a vida cabe dentro de um girassol. Ao lado de Milton Nascimento, Lô ergueu o Clube da Esquina e ajudou a mudar o rumo da música brasileira, com um violão tímido e uma alma imensa, que derramava poesia até nas pausas.
Do bairro Santa Tereza para o mundo, Lô Borges deixou um repertório que virou herança afetiva de várias gerações. “Paisagem da Janela”, “Tudo que Você Podia Ser”, “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”, títulos que hoje soam como cartas de despedida para o próprio autor.

O velório será realizado em Belo Horizonte, com detalhes ainda a serem divulgados pela família. A previsão é que seja um ato íntimo, reservado aos familiares e amigos próximos. Fãs e músicos já se organizam para prestar homenagens públicas ao artista que, com voz calma e coração inquieto, ensinou que a eternidade cabe numa canção.
E, enquanto Minas chora o trem azul, o resto do país escuta, em silêncio, a última nota de um dos maiores compositores que este chão já fez florescer.