Mais um capítulo forte e comovente nos bastidores da TV brasileira: a Justiça do Trabalho determinou que o SBT recontrate imediatamente uma jornalista diagnosticada com câncer no cérebro, demitida em janeiro deste ano, em meio a uma reestruturação do Jornalismo da casa. A profissional, que prefere manter o anonimato, está em tratamento desde 2019 contra um adenocarcinoma de pulmão com metástase cerebral, custeado pelo plano de saúde da emissora — e agora, garantido pela caneta da Justiça.
A juíza Cristiane Serpa Panzan, da 5ª Vara do Trabalho de Osasco, não titubeou ao assinar a liminar:
“A urgência da medida está evidente, uma vez que o desligamento compromete a continuidade do tratamento vital da reclamante, colocando em risco sua saúde e dignidade”, escreveu, ressaltando ainda que suspender o tratamento poderia acelerar o avanço da doença e reduzir seu tempo de vida.
A emissora agora tem até dois dias para cumprir a decisão, sob pena de multa diária de R$ 1.000, limitada a R$ 30 mil. Procurado, o SBT afirmou que ainda não foi notificado oficialmente, mas garantiu que tomará “as providências cabíveis”.
A jornalista foi contratada em 2017 e descobriu a doença dois anos depois, em 2019. Desde então, faz uso de medicação oral caríssima — cerca de R$ 40 mil por mês — e seguia trabalhando até a demissão, que foi anunciada sem grandes explicações. Em entrevista à época, ela desabafou:
“Eles disseram que o SBT não era responsável pelo meu câncer. Só que eu trabalho no SBT desde 2017, e meu câncer no cérebro apareceu em 2019. Eles disseram que não é problema deles.”

A decisão veio após tentativas frustradas de acordo extrajudicial e apelos públicos, inclusive com repercussão nas redes sociais e entre colegas de profissão. Após a matéria inicial no Notícias da TV, a própria presidente do SBT, Daniela Beyruti, declarou não saber do caso e prometeu apurar:
“Vou investigar”, disse, na época.
O caso gerou comoção nos bastidores do jornalismo, tanto pela forma do desligamento quanto pela luta da jornalista para manter vivo seu tratamento. O desfecho judicial, mesmo que provisório, é um alívio em meio à batalha pela vida — e um alerta para todas as empresas.