Junior Lima, sim, aquele Junior, o irmão da Sandy, metade da dupla que embalou a infância de toda uma geração com “Dig-Dig-Joy”, resolveu abrir o coração no “Saia Justa” e foi certeiro no desabafo: ser um homem sensível nos anos 90 e 2000 era quase um pecado capital. E ele pagou o preço com juros, correção e muita terapia.
“Existiram muitos boatos sobre minha sexualidade na adolescência, e isso me gerou uma insegurança absurda. Era uma época muito diferente da de hoje”, contou ele, relembrando os tempos em que qualquer menino que dançasse, usasse calça justa ou tivesse uma irmã famosa era automaticamente alvo de especulações.

Segundo o músico, o combo “homem simpático, artista e rodeado por mulheres” foi o suficiente pra virar alvo de uma sociedade que não sabia o que fazer com a sensibilidade masculina. “Vivi rodeado por minha mãe e minha irmã. Era um ambiente muito feminino. Sempre fui empático, preocupado com o outro… E isso se voltava contra mim.”
E não, ele nunca teve problema com os boatos sobre ser gay, o problema estava no preconceito e no peso que isso carregava na época, e não na sexualidade em si. “Era tudo à base de fofoca, e isso gerava um peso enorme. Foram 20 anos de análise pra eu continuar sendo quem eu era, com coragem, sem negar minha sensibilidade.”
Junior também disse que até hoje, a galera ainda torce o nariz pro jeitinho dele, como se ser gentil, dançar e compor belas canções fosse uma ameaça à masculinidade do planeta. “Tem gente que ainda tem preconceito comigo até hoje. Um homem que se permite dançar? Como assim?”

Como assim, Brasil? Em pleno 2025 e ainda tem gente desconfiada de um homem que tem empatia e ritmo? Parece que a evolução chegou na tecnologia, mas estacionou no emocional de muita gente.
No fim das contas, Junior segue sendo um homem de talento, sensibilidade e coragem, que dançou, sofreu, fez análise, cantou, enfrentou rótulos, sobreviveu à cultura do deboche e ainda entrega tudo com elegância.