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Kátia Flávia
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José de Abreu revela privilégios que teve na prisão, durante a ditadura: “O carcereiro esperou todo mundo ir dormir”

O ator que revela que os carcereiros lhe poupavam da tortura pelo fato de seu pai ser um delegado polícial da época.

Kátia Flávia

26/04/2023 16h30

O ator que revela que os carcereiros lhe poupavam da tortura pelo fato de seu pai ser um delegado policial da época.

Amores, que o período em o Brasil estava nas mãos de ditadores militares foram tempos muito difíceis e cheios de tortura, todos nós já sabemos, porém, até mesmo nessas sirrcunstâncias existiam pessoas que eram privilegiadas devido a sua classe social ou até mesmo a sua relevancia na sociedade. 

Um belo exemplo disso, é o icônico ator da TV Globo, José de Abreu, que em entrevista à TV 247, revelou que durante a sua segunda prisão na ditadura, já durante o AI-5 (Ato Institucional nº 5), ele teve alguns privilégios,  por ser filho de um delegado da época. 

“Quando eu fui preso pela segunda vez já era AI-5, mas eu não fui torturado, tive muita sorte, até nessa época meu pai tinha sido delegado de polícia, então havia uma certa… ‘o cara é filho de delegado e tal, maneira aí'”, iniciou o ator.

José conta que além de não ser extremamente torturado como os outros que estavam presos com ele, de forma discreta, ele ainda recebia algumas colheres de chá, como receber as comidas que eram mandadas por sua mãe.

“Uma vez eu estava preso no presídio Tiradentes e daí há pouco alguém chama… porque às vezes vinha um cara e gritava o nome pra levar pro DOPS pra ser torturado… [chamou] ‘José Pereira de Abreu Júnior’, e eu: ‘puta vida chegou minha vez’… Aí vinham os companheiros [e diziam]: ‘forças companheiro, forças, porra, estamos aqui, segura aí’… Aí chega o carcereiro: ‘quem é José Pereira de Abreu Júnior’… [Respondo]: ‘sou eu’… [O carcereiro]: ‘toma, sua mãe mandou’… Eram cinco frangos assados, três horas da manhã, o carcereiro esperou todo mundo ir dormir pra não dar colher de chá pro filho do delegado”, relembrou. 

O global ainda conta sobre o constante medo da tortura que a ditadura trazia consigo, que ao receber noticias de seus conhecidos lh fazia pensar que o próximo a sofrer aquelas atrocidades seria ele.

“Quantos anos eu não dormi com medo de tortura? Silvinho foi preso, aí vem a informação, Silvinho tá sendo torturado, Silvinho morreu… Tem gente que nunca se achou o corpo… Cada vez que um amigo, colega de classe, um amigo do bairro era preso pela ditadura, e começavam a chegar as notícias das barbaridades, óbvio que você introjetava isso em você: ‘amanhã vai ser eu, e aí será que eu resisto ao pau de arara ou ao choque? Ao que eu vou resistir mais? Como faz?'”, continuou.

Por fim, o ator ressalta que a ditadura foi um período onde coisas absurdas aconteceram e afirma que aqueles que não sofreram durante aquele período tenebroso é porque, com certeza, eram pessoas alienadas. 

 “As pessoas não têm noção do que é viver numa ditadura, quem viveu e não sofreu nada é porque não viveu, tinha uma vida alienada da realidade e não queria ver [as atrocidades cometidas pelos militares]. A ditadura fez coisas absurdas”, finalizou.

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