Preparem os apetrechos, minhas joias. Leque, ventilador, água tônica e nervo firme. Porque a história que está correndo por aí sobre Jim Caviezel interpretar Jair Bolsonaro em “Dark Horse” está sendo tratada como se fosse apenas “a primeira foto do filme”. Ah, inocência. Isso aqui não é foto. É mensagem cifrada. É piscadinha ideológica. É construção de mito com verniz hollywoodiano.
Jim Caviezel não é qualquer ator. Ele é praticamente o patrono espiritual da ala ultraconservadora de Hollywood. O homem é associado a discursos religiosos, narrativas de messianismo pop e movimentos que enxergam líderes políticos como figuras escolhidas por uma força maior. Colocar esse homem para interpretar Bolsonaro não é coincidência de agenda. É declaração estética. É intenção narrativa. É sinal de fumaça bem espesso.
É como se os produtores dissessem: “Queremos um herói. Alguém perseguido. Alguém injustiçado.”
E quem melhor do que Caviezel para esse papel? O moço já carrega esse branding pronto no currículo.
Enquanto a mídia brasileira se ocupa da “primeira foto”, do “sigilo das gravações” e das “cenas na Amazônia”, vamos ao ponto: ‘Dark Horse’ não é uma cinebiografia. É uma operação internacional de imagem.
O roteiro de Mario Frias já entrega o aroma plot de ação, índios, cartéis, drama amazônico, atentado transformado em jornada épica. É quase um kit pronto de redenção narrativa.
Bolsonaro deixa de ser personagem real e vira arco dramático. Vira símbolo. Vira magnata do caos transformado em herói trágico.
E essa é exatamente a especialidade de Caviezel: interpretar figuras que atravessam sofrimento com aura celestial.
Nos Estados Unidos, Caviezel virou queridinho de movimentos que enxergam conspirações globais, narrativas de perseguição e líderes como vítimas heroicas do sistema.
É esse mesmo ator que agora veste gravata, suor e tensão para viver Bolsonaro.
Se isso não é recado, não sei o que é.
Estamos diante da tentativa de mitificar o ex-presidente para plateias internacionais, embalando-o em trilha épica, drama emocional e cenários exóticos.
A política vira roteiro.
O julgamento vira conflito.
E, no final, o filme tenta vender para o mundo uma versão editada, higienizada e cinematográfica de um dos personagens mais polêmicos da história recente do Brasil.
Aqui vão os três venenos culturais que ninguém ousou tocar:
a) Caviezel empresta a Bolsonaro sua imagem de mártir internacional.
É um upgrade simbólico, não um simples papel.
b) O filme tenta disputar narrativa global sobre o ex-presidente.
Não é sobre o que o Brasil pensa. É sobre o que o mundo vai achar.
c) A produção usa estética de blockbuster para transformar crise política em jornada de herói.
E isso é perigosamente eficaz.
Amores, se preparem porque “Dark Horse” não será só polêmico.
Será calculado.
Será estratégico.
Será narrativa pura, com assinatura hollywoodiana e perfume ideológico.