Amadas, quando o argumento acaba, o ataque muda de alvo. Foi assim que a fala de Erika Hilton sobre Havaianas e bolsonaristas saiu do campo simbólico e virou munição para algo bem mais rasteiro.
A provocação de Erika, claramente política, abriu espaço para a resposta de Júlia Zanatta, que optou por abandonar qualquer debate de ideias e partir para o ataque pessoal. Em postagem nas redes, Júlia expôs uma imagem do pé de Erika, chamando de “casco” e ironizando se caberia em uma Havaianas. Não foi metáfora. Foi escárnio visual.
A estratégia é antiga e previsível. Quando não se rebate o conteúdo, tenta-se deslegitimar o corpo, a aparência e a existência do outro. O alvo deixa de ser o discurso e passa a ser a pessoa. Política vira chacota. Congresso vira ringue de meme.
No meio desse embate raso, a marca Havaianas acabou usada como figurante involuntária de uma guerra ideológica que não fala de projeto de país, economia ou políticas públicas. Fala de pé. Fala de “casco”. Fala de humilhação disfarçada de resposta espirituosa.
Isso não é reação firme, não é posicionamento duro, não é enfrentamento ideológico. É ataque pessoal com verniz de coragem. É quando o mandato perde a voz e ganha dedo apontado.