Euzinha observo, anota e comento com a sobrancelha arqueada: sucesso não cai do céu, ele puxa ferro, negocia dívida e encara humilhação no crédito. Rodrigo Pantera não nasceu campeão do Mr. Olympia Brasil. Ele nasceu feirante em Bréjões, na Bahia, carregando caixa no sol quente por R$ 10, com o bolso vazio e a coragem cheia.
No PodSê, podcast da Serasa comandado por Gil do Vigor, Pantera abriu o jogo sem filtro, sem vitimização e sem maquiagem. Contou que saiu da feira para o canteiro de obras, do canteiro para o sonho, e do sonho para uma conta nada romântica de R$ 45 mil só para conseguir competir em alto nível. Porque palco tem luz, mas bastidor tem boleto.
A virada começa quase cinematográfica. Um irmão que solta a frase que muda destinos. Tu vai. Quando der certo, me busca. Com R$ 180 no bolso, Pantera embarca para São Paulo e começa a entender que disciplina financeira também é treino pesado. Negociou dívidas no Feirão Limpa Nome, viu o Serasa Score sair do fundo do poço e virar aliado. Organização virou músculo invisível.

Eu aplaudo de pé quando ele fala de método. Nada de milagre. Regra clara. Técnica 50, 20, 30. Cinquenta por cento para o básico, trinta guardado, vinte para pequenos luxos. Luxo mesmo, segundo ele, foi a primeira ida ao mercado podendo escolher o que comer. Chique é isso. Liberdade.
No YouTube, a renda mensal gira entre cinco e seis mil reais. Não é fortuna, é constância. Pantera faz questão de avisar que já levou golpe tentando renegociar dívida de R$ 750. Porque quando a gente sobe, sempre tem alguém tentando puxar a perna. Experiência também deixa cicatriz.
Euzinha aqui fiz pausa dramática. Ele investiu mais do que tinha. Gastou o que tinha e o que não tinha para disputar o Mr. Olympia Brasil 2024. Planejamento financeiro virou tão importante quanto dieta e treino. Quem vê medalha não vê planilha.
Mesmo com sucesso, Pantera mantém hábitos simples. Compra prato, panela e copo como quem celebra vitória. Recusou publicidade que não combinava com o que acredita. Disse não para dinheiro fácil. Seu luxo, ele brinca, é a consciência limpa. E isso, meu bem, não se parcela.
O momento mais forte vem sem músculo contraído. Pantera conta que anda descalço até hoje. Para não esquecer de onde veio. Carrega o medo de perder tudo, mesmo vencendo. Porque quem já passou aperto sabe. O medo vira motor. Não vira vergonha.
Rodrigo Pantera não vende ilusão. Ele entrega suor, disciplina e verdade crua. E deixa claro. O Olimpo só aceita quem paga o preço inteiro. Financeiro, físico e emocional.