Amadas, MC Daniel virou o nome do momento, mas não pelo motivo que artista gosta. Em menos de 24 horas, dois destinos simbólicos decidiram puxar o freio de mão e cancelar apresentações do cantor em eventos públicos de fim de ano.
Em Fernando de Noronha, a administração do arquipélago anunciou o cancelamento do show que integraria a programação do Réveillon. O comunicado foi cirúrgico, falou em responsabilidade social, convivência harmoniosa, diversidade e na necessidade de preservar a imagem positiva de um dos cartões-postais mais valiosos do país. Tradução livre, não combina com o clima.

Pouco depois, foi a vez de Ubatuba fazer o mesmo. A apresentação de MC Daniel no Festival de Verão da cidade, foi cancelada após forte pressão nas redes. A prefeita Flávia Pascoal foi direta, sem rodeios nem filtro, ao sair publicamente em defesa das mulheres. A frase virou manchete e recado, mexeu com uma, mexeu com todas.
O pano de fundo é a repercussão dos episódios recentes envolvendo o cantor e sua esposa, com vídeos, relatos e debates que incendiaram as redes sociais. O conteúdo foi suficiente para transformar entretenimento em constrangimento institucional. Prefeituras não gostam de dor de cabeça, muito menos quando o palco é público e o evento é pago com dinheiro público.

Aqui entra o detalhe que ninguém ignora, mas todo mundo finge surpresa. Artista pode tudo no palco, menos esquecer que fora dele também existe consequência. Quando a imagem pessoal passa a competir com valores que municípios querem defender, o show acaba antes do refrão.
Eu? observo tudo na varanda, ajusto o meu óculos e anoto. Não foi cancelamento artístico, foi cancelamento simbólico. O recado não é sobre funk, fama ou agenda. É sobre limites. E, dessa vez, quem saiu do palco foi o artista.