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Kátia Flávia
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Conectando mundos e preparando sua melhor fase, Clarice Alves fala sobre projetos futuros no audiovisual

A atriz revela os desafios e descobertas de uma fase marcada por expansão criativa

Kátia Flávia

10/12/2025 12h00

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Clarice Alves construiu uma carreira marcada por fluidez, profundidade e flexibilidade. Foto: Rúben Vega

Atriz brasileira que divide a vida entre Madrid e o Rio de Janeiro, Clarice Alves construiu uma carreira marcada por fluidez, profundidade e flexibilidade. Fluente em três idiomas, com formação sólida em interpretação e experiência acumulada em mais de vinte anos de atuação, ela vive um momento de expansão criativa, com papéis em produções como “Impuros”, série do Disney+, e em “Todo Lo Que Nunca Fuimos”, adaptação cinematográfica do best-seller de Alice Kellen.

“Acho que, hoje em dia, você tem que ser flexível”, diz. “Você chega com um texto super preparado, com uma visão, mas o diretor pode querer outra coisa, e você precisa se adaptar com segurança, com confiança, inspirada da mesma forma. Esses últimos projetos que fiz não tiveram ensaio, então eu cheguei pronta e tive que ajustar tudo ali, no set, à visão do diretor. Isso também te molda como artista”, conta.

A experiência de viver metade da vida fora do Brasil ajudou, segundo ela, a enriquecer e aprofundar sua percepção do outro e de si mesma como intérprete: “Tudo na vida vai somando para a gente como artista. O contato com outras culturas, outros comportamentos… Eu vivi metade da minha vida fora, tive que amadurecer muito cedo, e isso afina o olhar. Quando volto ao Brasil, estar em contato com a minha cultura, com a minha raiz, com a energia do povo brasileiro, é muito rico. Depois retorno ao ritmo europeu e percebo como cada lugar molda o ser humano de uma forma distinta. Essa bagagem entre fronteiras me dá mais sensibilidade, amplia minha visão e minha disponibilidade como artista”. Para ela, atuar em seu próprio idioma tem impacto direto no contexto cênico: “Quando você interpreta no seu idioma, tem algo que está muito em contato com o que é seu, com o seu íntimo, com a sua essência. É muito visceral”.

O reconhecimento internacional ganhou força com o longa “Urubú”, de 2020, dirigido por Alejandro Ibáñez. Clarice interpretou Eva, uma mãe em busca da filha desaparecida, num contexto extremo de sobrevivência na selva. Ela conta que a vivência de rodar a obra dentro da Amazônia foi determinante para o resultado final: “Foram dois meses vivendo na selva. Eu acordava com a chuva, escutava todo tipo de animal, morava numa casa de madeira alta para evitar o acesso deles. Estava muito em contato com a natureza e com a comunidade local. Foi muito intenso fisicamente, emocionalmente. Eu conseguia falar apenas por um telefone via satélite com meus filhos, e para ter internet precisava pegar um barco de mais de uma hora até Manacapuru. A ambientação foi fundamental para uma atuação instintiva e, instantaneamente imersiva, dentro daquele contexto e vivência.”, completa.

O retorno às produções brasileiras vem com a nova temporada de “Impuros”, produção original do Disney+. Para Clarice, gravar novamente no Rio foi reencontrar camadas de sua identidade: “É um prazer imenso voltar a trabalhar no meu país. Sempre fui muito fã de Impuros — adoro os personagens, os atores e a energia da série. E filmar no Rio, a cidade onde cresci, traz outra dimensão. Eu vivi os anos 90 ali, e revisitar essa época através do trabalho é especial, quase como voltar no tempo… Tudo isso faz parte do meu imaginário. Interpretar em português também é visceral; é uma conexão direta e intensa com o meu instinto.” Ela comenta ainda sobre o clima do set: “A equipe de ‘Impuros’ está unida há muitos anos. Eu me senti super acolhida. É uma energia muito boa no set. Foi um presente participar dessa série”.

Já no cinema europeu, Clarice integra o elenco de “Todo Lo Que Nunca Fuimos”, adaptação do fenômeno literário de Alice Kellen, filmado no País Basco, região cultural e histórica única nos Pireneus, dividida entre o nordeste da Espanha e o sudoeste da França. A história acompanha uma jovem reconstruindo a vida após a perda dos pais: “É uma história muito emocionante sobre laços familiares, sobre coragem e sobre reencontrar a vontade de viver. Como mãe, foi um papel muito sensível para mim. E trabalhar com a Margarida foi muito especial. Tivemos uma conexão imediata”. A produção também trouxe novos desafios técnicos e estéticos: “Foi a primeira vez que vivi uma transformação grande de caracterização, uma passagem de 20 anos. A família dela tem esse lado muito livre, artístico, quase hippie. Foi muito interessante construir isso”.

Entre um set e outro, a artista explora uma faceta que começa a se fortalecer em sua trajetória: a criação. Ela conta: “Tenho projetos autorais em gestação, em fase de produção, e estou muito motivada também com essa outra área, de criação e direção criativa”. Essa expansão, diz ela, vem sem pressa, mas com entusiasmo: “Estou explorando novas zonas e muito inspirada em me jogar nessa parte criativa que eu gosto muito. Em breve terei mais novidades para dividir!”, conclui.

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