Nos últimos anos, celebridades e influenciadores passaram a exercer forte influência sobre a forma como milhões de pessoas se relacionam com a alimentação. Seja através de dietas divulgadas em entrevistas, livros, séries documentais ou nas redes sociais, nomes como Beyoncé, Kim Kardashian e influenciadores fitness brasileiros têm ajudado a popularizar novos estilos de vida alguns baseados em orientações profissionais, outros em experiências pessoais e resultados estéticos.
O fenômeno não é novo, mas ganhou força com a ampliação do acesso à informação e a ascensão das plataformas digitais. Hoje, rotinas alimentares de artistas são acompanhadas em tempo real por fãs e curiosos, que muitas vezes tentam reproduzir os métodos sem acompanhamento profissional. Dietas detox, jejuns prolongados, protocolos low carb e desafios virais de “30 dias de alimentação perfeita” se espalham rapidamente, influenciando comportamentos coletivos e redefinindo prioridades no consumo alimentar.

A forma como figuras públicas compartilham seus hábitos alimentares cria uma espécie de “efeito espelho”, no qual o público se inspira em celebridades para adotar mudanças em sua rotina. Segundo especialistas, essa tendência pode gerar impactos positivos, como maior interesse por saúde e bem-estar, mas também riscos significativos, quando práticas são adotadas sem acompanhamento profissional.
A nutricionista Juliana Aparecida Reich, formada desde 2020 e com pós-graduação em Nutrição Oncológica, atua no atendimento clínico individualizado e acompanha de perto o aumento da procura por orientação nutricional motivada por influências midiáticas. “É comum receber pacientes que chegam com dietas copiadas de celebridades, acreditando que terão os mesmos resultados. Mas cada organismo é único e requer estratégias específicas, considerando histórico clínico, rotina, preferências e objetivos reais”, explica.
Juliana destaca que o principal desafio atual é transformar informação popular em prática segura e eficaz. Ela explica que dietas amplamente divulgadas podem funcionar para determinados perfis, mas não são universais. “Muitas celebridades têm acompanhamento de equipes multidisciplinares, médicos, nutricionistas, personal trainers, algo que o público não vê completamente. Quando alguém tenta replicar isso sozinho, há risco de frustração e, em alguns casos, prejuízos à saúde”, alerta.

No campo da nutrição clínica, a profissional trabalha com protocolos individualizados, especialmente voltados para a promoção da saúde, qualidade de vida e bem-estar. Em sua área de especialização, a Nutrição Oncológica, a abordagem precisa é ainda mais relevante, exigindo planos cuidadosamente estruturados para cada paciente.
Apesar dos riscos, especialistas reconhecem que a presença de temas nutricionais na cultura pop tem um lado positivo: populariza o debate sobre saúde. Ao acompanhar a rotina de figuras públicas, muitas pessoas passam a se interessar por alimentação equilibrada, exercícios físicos e autocuidado, abrindo espaço para conversas mais amplas com profissionais qualificados.
Para Juliana, o desafio está em canalizar esse interesse crescente para práticas seguras. “A influência pode ser positiva se for acompanhada de educação nutricional e acesso a informações confiáveis. Celebridades têm um poder grande de alcance, e isso pode ajudar a aproximar as pessoas de hábitos mais saudáveis desde que com responsabilidade”, conclui.