Trinta e três anos depois, o nome de Daniella Perez não é apenas memória. É lei. É marco. É o retrato de um Brasil que só acorda quando o horror bate na porta da sala.
Em 28 de dezembro de 1992, o país parou diante de um crime cruel, frio e sem qualquer chance de defesa. A comoção foi geral. Mas o que ninguém esperava era que aquela tragédia fosse escancarar um buraco vergonhoso na legislação brasileira.
Na época, o homicídio qualificado ainda não era tratado como crime hediondo.
Sim, você leu certo.
Quando a dor virou pressão política
Gloria Perez fez o que o Estado não fez. Saiu do luto para a luta. Liderou uma mobilização nacional que reuniu mais de 1,3 milhão de assinaturas exigindo uma mudança na lei. Não foi campanha de internet, foi corpo a corpo, papel, rua, pressão real.
E funcionou.
Em 1994, o Congresso aprovou a Lei nº 8.930, que alterou a Lei dos Crimes Hediondos e incluiu o homicídio qualificado no rol dos crimes mais graves do país.
Foi um recado claro.
Chega de tratar assassinato brutal como detalhe jurídico.
O que mudou depois disso
Com a nova lei:
– as penas ficaram mais severas
– os benefícios foram reduzidos
– o cumprimento passou a ser mais rígido
– o crime ganhou o peso que sempre deveria ter tido
Na prática, o Brasil passou a reconhecer que matar com crueldade não é “mais um caso”. É ruptura social.
Por que essa história ainda precisa ser lembrada
Porque a lei não mudou por boa vontade.
Mudou por vergonha.
Mudou por pressão.
Mudou porque uma mãe se recusou a aceitar a impunidade como destino.
E é por isso que Daniella Perez não é apenas uma vítima.
Ela é símbolo.
É divisor de águas.
É o nome por trás de uma das mudanças mais importantes da legislação penal brasileira