Pela primeira vez na história dos levantamentos da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps), a cirurgia de pálpebras, conhecida como blefaroplastia, alcançou o topo do ranking mundial de procedimentos estéticos no ano passado, superando até mesmo a tradicional lipoaspiração. Foram mais de 2,1 milhões de cirurgias realizadas globalmente, um aumento de 13,4% em relação ao ano anterior, enquanto a lipoaspiração caiu 12,6% no mesmo período.
Segundo a oftalmologista Luiza Paulo Filho, especialista no procedimento, o fenômeno tem explicação simples. Ela afirma que a região dos olhos é a primeira a revelar os sinais do tempo. “Bolsas, excesso de pele e flacidez transmitem uma aparência cansada ou triste, mesmo em pessoas que se sentem cheias de vida. O olhar passou a ser o verdadeiro cartão de visitas da autoestima”, aponta.
A médica salienta que a busca pela blefaroplastia vai além da estética. Embora a maioria dos pacientes procure a cirurgia para suavizar a aparência de cansaço, há também uma motivação funcional. Em alguns casos, o excesso de pele compromete o campo visual e prejudica atividades cotidianas. A especialista explica que um olhar comprometido afeta não apenas a aparência, mas também a autoestima, o desempenho profissional, a vida social e até a saúde mental. Além disso, em pacientes com grande flacidez, o impacto é ainda mais evidente, pois a retirada do excesso de pele restaura a abertura natural dos olhos, devolve amplitude ao campo visual e melhora a lubrificação ocular, reduzindo sintomas de ressecamento.
Homens na busca por naturalidade
Um dos destaques do levantamento global é a forte adesão do público masculino. Em 2024, quase 490 mil homens realizaram blefaroplastia, superando procedimentos tradicionalmente associados a eles, como a ginecomastia e a rinoplastia. De acordo com a médica, os homens querem parecer menos cansados e mais confiantes, entretanto buscam resultados discretos, naturais e que não denunciem a cirurgia. “A blefaroplastia entrega exatamente um olhar mais descansado sem alterar a identidade do rosto”, pontua.

Brasil
Conforme Luiza, apesar do crescimento da blefaroplastia no mundo, o Brasil mantém uma característica particular, liderando o número de cirurgias plásticas, com 2,35 milhões de procedimentos em 2024. No entanto, a lipoaspiração ainda ocupa o primeiro lugar, com quase 290 mil cirurgias, seguida de perto pela blefaroplastia (231 mil). A especialista avalia que enquanto o mundo voltou os olhos para a região facial, o país mantém uma forte cultura de valorização do contorno corporal.
Segurança e vaidade
Por se tratar de uma região delicada, Luiza ressalta a importância da avaliação prévia com um oftalmologista. Ela destaca que somente o profissional treinado em plástica ocular consegue avaliar aspectos que vão além da estética, como a lubrificação, a posição da pálpebra, a saúde da córnea e o impacto no campo visual. “É isso que garante um resultado harmonioso e seguro, sem comprometer a visão”, pondera.
Para a especialista, a ascensão da blefaroplastia revela uma mudança profunda na forma como a sociedade encara a estética. Ela comenta que a cirurgia de pálpebras deixou de ser apenas vaidade, tornando-se um investimento em autoestima e qualidade de vida. “Um olhar mais leve e descansado transmite vitalidade e confiança, impactando diretamente na vida pessoal e profissional”, finaliza.