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Kátia Flávia
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Black friday dos influenciadores: trabalhe agora e receba só depois do carnaval

Mercado enfrenta dilema com grandes prazos para que marcas efetuem os pagamentos, o que gera desconfiança e compromete a saúde financeira dos criadores

Kátia Flávia

14/11/2025 17h00

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Maria Eduarda Amaral é advogada especializada em Direito Digital e Propriedade Intelectual. (Foto: divulgação)

O início das campanhas de Black Friday, que acontece no dia 28 de novembro, trouxe à tona um grave problema no mercado de influência: a demora das marcas para efetuar os pagamentos. A grande maioria dos contratos prevê 90 dias úteis após a finalização das campanhas para depositar o valor, fazendo com que a quitação aconteça apenas depois do carnaval, no dia 17 de fevereiro de 2026.

A conta é simples. Embora a campanha termine em novembro, o último post pode ser só no dia 8 de dezembro, por exemplo. A agência libera a emissão da nota fiscal no dia 10 de dezembro, mas já entra em férias coletivas no dia 15. No intervalo até que todos os influenciadores consigam enviar suas notas, a agência já fechou. Como resultado, o prazo de pagamento só começa a contar em janeiro do próximo ano.

“A prática de postergar os pagamentos gera uma sensação de insegurança e falta de profissionalismo para os influenciadores, que muitas vezes dependem dessa receita para sustentar suas atividades e projetos”, declarou Maria Eduarda Amaral, advogada especialista em Direito Digital e que vem atuando em casos para defender os criadores.

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Maria Eduarda Amaral é graduada em Direito pela Escola Superior Dom Helder Câmara, pós-graduada em Propriedade Intelectual pelo IBMEC-BH, especialista em Gestão Jurídica e Proteção de Dados Pessoais pelo IBMEC-BH e membro da ABPI (Associação Brasileira de Propriedade Intelectual. (Foto: divulgação)

A especialista aponta que a prática é comum entre as agências, que como possuem vários clientes possuem um fluxo de caixa constante. Muitas vezes, os escritórios não atuam da forma como deveriam para buscar melhorias aos criados, já que também representam os contratantes, problematizando ainda mais a questão.

“O mercado opera na lógica de que, enquanto houver quem aceite, haverá quem ofereça. O problema é que os influenciadores estão reféns desse padrão, sentindo-se obrigados a aceitar para conseguir fechar contratos. É uma situação complicada, que expõe uma falha central: a falta de profissionalização dos assessores. Qualquer um se intitula assessor e começa a trabalhar, sem o preparo necessário”, aponta Amaral.

A advogada afirma que quando uma empresa fecha com alguma agência costuma pagar na hora, aumentando a insatisfação dos criadores. “A falta de transparência e confiança, tanto entre influenciadores e marcas, quanto entre as agências e seus clientes, fica muito evidente”, declara.

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A advogada afirma que quando uma empresa fecha com alguma agência costuma pagar na hora, aumentando a insatisfação dos criadores. (Foto: divulgação)

Jurídico como solução
A solução passa, principalmente, pela negociação de contratos com cláusulas claras que detalhem os prazos de pagamento e tenha penalidades por descumprimento. Tais cláusulas não apenas protegem financeiramente o influenciador, mas também incentivam as marcas a cumprirem suas obrigações de forma eficiente, evitando longos períodos de espera ou a falta de pagamento.

“Influenciadores precisam aumentar a consciência de seu valor. Se ficarem mais seletivos, podem mudar a dinâmica do mercado. Consultar um advogado especializado não apenas minimiza os riscos de contratos prejudiciais, mas também permite que o influenciador se concentre em sua profissão, sem a preocupação constante com eventuais problemas financeiros”, diz a especialista.

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