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Kátia Flávia
Kátia Flávia

Antes de Marília Mendonça, não existia espaço pra mulher chorar e rir de si mesma

Antes dela, chorar era sinal de fraqueza. Depois dela, virou hino, meme, empoderamento e libertação

Kátia Flávia

05/11/2025 10h15

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Há exatos quatro anos, o Brasil perdia uma das suas maiores vozes da música sertaneja. (Reprodução: @mariliamendoncacantora)

Manas! Estou incrédula! Quatro anos se passaram desde que o Brasil perdeu Marília Mendonça, e ainda é difícil colocar em palavras o que foi, e o que ainda é, essa mulher. Porque, convenhamos, meu amor: Marília não era só uma cantora. Era uma terapia coletiva com refrão e copo de vidro.

Antes dela, as mulheres sofriam escondidas. Tinham vergonha de dizer que amavam quem não prestava, que voltavam pro ex, que juravam “dessa vez é diferente”. Depois dela, o sofrimento ganhou batom vermelho, taça de gin e trilha sonora pra dançar no bar.

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Marília Mendonça faleceu com apenas 26 anos. (Reprodução: @mariliamendoncacantora)

Marília fez o impossível: transformou a dor em espetáculo. Pegou o desespero das madrugadas e colocou no palco, com a mesma naturalidade de quem fala da vida pra amiga no WhatsApp. E o Brasil, esse país que adora fingir que tá bem, se viu, se ouviu e se libertou.

Ela não precisava discursar sobre feminismo, porque cantava o que o feminismo sente antes de entender que é feminismo. Mostrou que mulher pode ser forte e boba, decidida e carente, brava e apaixonada, tudo ao mesmo tempo, sem pedir desculpa por isso.

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Os fãs da cantora Marília Mendonça mantêm sua memória viva mesmo passados 4 anos da sua morte. (Reprodução: @mariliamendoncacantora)

A rainha da sofrência era também a imperatriz da autenticidade. Enquanto o sertanejo tentava parecer engomado e publicitário, ela chegava de moletom, voz rasgada e alma inteira. E foi aí que o povo acreditou nela, porque acreditou em si mesmo.

Hoje, quatro anos depois, o palco está cheio de herdeiras, mas o trono continua vazio. Porque pra ser Marília, meu bem, não basta cantar. Tem que sentir, e deixar o Brasil sentir junto.

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