Manas! Estou incrédula! Quatro anos se passaram desde que o Brasil perdeu Marília Mendonça, e ainda é difícil colocar em palavras o que foi, e o que ainda é, essa mulher. Porque, convenhamos, meu amor: Marília não era só uma cantora. Era uma terapia coletiva com refrão e copo de vidro.
Antes dela, as mulheres sofriam escondidas. Tinham vergonha de dizer que amavam quem não prestava, que voltavam pro ex, que juravam “dessa vez é diferente”. Depois dela, o sofrimento ganhou batom vermelho, taça de gin e trilha sonora pra dançar no bar.

Marília fez o impossível: transformou a dor em espetáculo. Pegou o desespero das madrugadas e colocou no palco, com a mesma naturalidade de quem fala da vida pra amiga no WhatsApp. E o Brasil, esse país que adora fingir que tá bem, se viu, se ouviu e se libertou.
Ela não precisava discursar sobre feminismo, porque cantava o que o feminismo sente antes de entender que é feminismo. Mostrou que mulher pode ser forte e boba, decidida e carente, brava e apaixonada, tudo ao mesmo tempo, sem pedir desculpa por isso.

A rainha da sofrência era também a imperatriz da autenticidade. Enquanto o sertanejo tentava parecer engomado e publicitário, ela chegava de moletom, voz rasgada e alma inteira. E foi aí que o povo acreditou nela, porque acreditou em si mesmo.
Hoje, quatro anos depois, o palco está cheio de herdeiras, mas o trono continua vazio. Porque pra ser Marília, meu bem, não basta cantar. Tem que sentir, e deixar o Brasil sentir junto.