“Eu vejo que aprendi, o quanto te ensinei…”, com esses versos cheios de emoção e aquela rouquidão que ninguém jamais conseguiu imitar, Cássia Eller abriu sua apresentação no Rock in Rio de 2001. Foi um daqueles momentos em que até quem estava na cozinha pegando cerveja parou para ouvir. Ali, minha gente, não era só uma cantora no palco: era um furacão humano, uma força da natureza, um grito cru que atravessava corações.
E, veja só a ironia da vida, aquele foi também o último ano de Cássia entre nós. Uma chama intensa que queimou rápido demais. Agora, duas décadas depois, esse registro arrebatador vai ganhar nova vida nas telonas. Sim, amore: vem aí a cinebiografia da nossa roqueira favorita. E prepare-se porque a cena de abertura será justamente esse momento no Rock in Rio, que até hoje arrepia até quem nunca foi fã de rock.
O longa promete mostrar de tudo: a timidez inicial, os palcos esfumaçados das casas alternativas, as batalhas para conquistar seu espaço na década de 1990, o estouro com hits que embalaram toda uma geração, e claro, o jeito único, meio debochado, meio doce, que fazia de Cássia uma artista tão amada quanto imprevisível.

E cá entre nós: não é qualquer cantora que consegue ser lembrada assim, décadas depois, com direito a filme digno de tapete vermelho. É o tipo de coisa que separa as estrelas passageiras dos cometas que iluminam para sempre.
Já imagino a pré-estreia: críticos tentando segurar a emoção, roqueiros suados com cara de durões mas chorando escondido, e eu, evidentemente, chegando de salto agulha, batom vermelho e um lenço de seda na bolsa, porque sei que as lágrimas vão rolar.
Cássia Eller não segue regras, nem na vida, nem na morte, e muito menos no cinema. O filme promete ser tão intenso quanto ela: um retrato de quem viveu sem pedir licença, cantou sem medir palavras e deixou o Brasil inteiro com saudade. Ai, minha gente… Isso não é só cinema, é homenagem com H maiúsculo.