Amadas e amadinhos, estava saindo da academia e passeando pela orla do Leblon, quando vejo no grupo do WhatsApp das minhas amigas da Barra uma dezena de comentários em cima da nota que Dado divulgou sobre sua entrevista (impecável pelo Cabrini). Aquela entrevista no Domingo Espetacular, em que o ator finalmente reconheceu ter agredido Luana Piovani em 2008.
Mal a entrevista esfriou, o moço reapareceu nas redes, com ares de vítima da própria sinceridade. Em nota publicada pela assessoria de Mara Damasceno, ele e a namorada, Marcela Tomaszewski, disseram sentir “profunda tristeza com a forma como a história foi exposta e distorcida”.
A entrevista de Dado Dolabella ainda ecoava quando o ator decidiu mudar o tom. Após admitir que agrediu Luana Piovani e chamar o próprio ato de “covarde”, ele publicou uma nota de esclarecimento, assinada por sua assessoria jurídica, afirmando que suas palavras foram “distorcidas” e que a conversa com Roberto Cabrini teria sido “editada fora de contexto”.

No comunicado, Dado diz sentir “profunda tristeza” pela forma como a história foi exposta e alega que o episódio foi “ampliado e manipulado”. O texto também cita a namorada, Marcela Tomaszewski, que estaria sendo alvo de ataques nas redes após o caso ganhar repercussão.
O comunicado, no entanto, parece mais uma tentativa de controle de danos do que um desmentido real. Afinal, as imagens da entrevista mostram com clareza o ator admitindo a agressão sem cortes, sem dubiedade. Ele próprio usou o verbo no passado e no singular: “Agredi”.
A justificativa de “mau recorte” soa destoante quando a fala completa já estava no ar, em rede nacional, diante de milhões de espectadores. O público, atento, não perdoou: os comentários se dividiram entre quem enxerga arrependimento e quem vê oportunismo tardio.
Dado afirma estar “acostumado a ser julgado sem provas” e lamenta “a forma cruel dos ataques vindos de outras mulheres”. O tom, mais uma vez, desloca o foco da confissão para o desconforto com a repercussão.

Enquanto isso, Marcela, eleita Miss Gramado 2025, reforça que o episódio mostrado “não representa a verdade dos fatos” e que “houve uma discussão privada, ampliada e transformada em espetáculo”.
Nos bastidores, fontes ligadas à produção afirmam que a entrevista foi conduzida sem cortes no bloco central, e que as edições se limitaram a tempo e ritmo de exibição, o que reforça que o conteúdo exibido correspondeu ao que foi dito diante das câmeras.
A nota tenta equilibrar arrependimento e indignação, mas o resultado é confuso. Se o ator lamenta o próprio gesto, por que agora lamenta ter admitido? Se buscava paz, por que acendeu novamente o debate?
Em tempos de tela fria e memória quente, o público cobra coerência e o vídeo é mais contundente do que qualquer comunicado.
Dado Dolabella tentou transformar um pedido de perdão em ponto final, mas o eco foi mais alto que a intenção. Quando a palavra “covarde” sai da boca de quem a viveu, não há edição capaz de suavizar o impacto. A história pode até ser recontada, mas não regravada.