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Kátia Flávia
Kátia Flávia

Afinal, quanto Paulinha Leite já ganhou na loteria com a Caixa?

Ex-BBB transformou sequência de prêmios em negócio milionário de bolões online, agora no centro de uma disputa judicial com a Caixa Econômica Federal

Kátia Flávia

29/12/2025 13h05

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Paulinha Leite, ex-participante do BBB11, já faturou muito em loterias. Foto: reprodução/redes sociais

Amores, senta que lá vem número grande. Ao longo da última década, Paulinha Leite virou praticamente sinônimo de loteria premiada. A ex-BBB construiu uma imagem de mulher de sorte, pé quente, quase uma entidade da Mega-Sena. E não é força de expressão, não.

Em entrevistas e materiais de divulgação, ela própria afirma já ter vencido mais de 60 vezes em diferentes modalidades, da Mega-Sena à Lotofácil. E quando a imprensa faz a conta, o número assusta. Somando todos os prêmios associados ao nome dela, o valor ultrapassa os 40 milhões de reais.

Mas calma lá, respira. Esse dinheiro não caiu todo no colo dela, não. A maior parte desses valores foi dividida entre centenas de cotistas, já que os prêmios vieram de bolões organizados pela própria plataforma que ela comanda.

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Paulinha Leite é conhecida pela sorte e acumula conquistas nos jogos de aposta. Foto: reprodução/redes sociais

Na prática, o dinheiro que realmente entra no bolso da Paulinha vem de duas fontes bem claras. A participação dela nos próprios bolões e a taxa cobrada sobre o volume de apostas intermediadas pela empresa. Ou seja, o jogo virou negócio. A sorte virou vitrine. E o prêmio virou marketing.

A Unindo Sonhos não é uma lotérica, mas também não é só um grupinho de amigos apostando juntos. Funciona como uma central de compras coletivas de apostas.

O esquema é simples e milionário. A plataforma reúne interessados, vende cotas, monta combinações e registra os jogos em casas lotéricas oficiais, segundo a versão apresentada pela defesa.

Quanto mais gente apostando, maior o volume. Quanto maior o volume, maior a comissão. É matemática pura, sem superstição.

E foi exatamente esse modelo que virou febre entre influenciadores. Todo mundo quis virar o novo rosto da sorte. Mas, como diz o ditado, quando o dinheiro cresce, o olho do dono aparece.

A popularidade do negócio acendeu o alerta na Caixa Econômica Federal, dona do monopólio das loterias no Brasil. O banco entrou com ação judicial afirmando que a plataforma estaria explorando comercialmente apostas, algo restrito à rede autorizada.

A acusação é pesada. Segundo a Caixa, haveria uso indevido da marca, intermediação irregular e exploração paralela de um serviço público.

Resultado: a Justiça, em primeira instância, mandou a empresa suspender as atividades e parar de usar símbolos das loterias. Foi aquele climão jurídico, digno de final de novela das nove.

Mas a história não parou aí, claro. A decisão foi suspensa pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região, que autorizou a continuidade temporária da operação.

O argumento foi técnico, mas poderoso. Segundo o relator, existe diferença entre explorar a loteria e intermediar apostas feitas legalmente. Além disso, órgãos como a Secretaria de Prêmios e Apostas e o Cade reconhecem que existe um vácuo regulatório nesse tipo de serviço.

Traduzindo do juridiquês para o português claro: a lei ainda não acompanhou o tamanho do negócio.

E aí mora o perigo.

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Paulinha também já decidiu empreender na área das apostas. Foto: reprodução/redes sociais

A famosa frase “mais de 40 milhões em prêmios” ajuda a construir uma aura quase mística em torno de Paulinha. Mas a realidade é menos glamourosa e mais estratégica.

Esse valor não é patrimônio pessoal. É o total distribuído entre dezenas, às vezes centenas de apostadores. O que fica para ela vem das cotas que compra e da comissão do volume movimentado.

Funciona? Funciona. Enriquece? Sim, mas não da forma mágica que o marketing faz parecer.

No fim das contas, a pergunta que fica não é quanto ela ganhou. A pergunta é outra, bem mais séria. Até onde vai o limite entre intermediação legal e exploração de apostas?

E mais, quem protege o apostador quando a sorte vira negócio e o negócio vira disputa judicial?

Porque uma coisa é certa, meu amor. Quando a sorte vira indústria, quem não entende as regras, pode acabar pagando caro para sonhar.

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