James Ransone não era astro de pose, era ator de nervo, daqueles que deixam silêncio depois que saem de cena. Amores, estou aqui de luto, passada, ainda tentando entender. Eu estava assistindo série, daquelas que a gente vê com o olho arregalado e o coração meio torto, quando vem a notícia. James Ransone foi encontrado morto em casa, aos 46 anos. E pronto. A televisão ficou muda.

Para muita gente, ele era o inesquecível Ziggy Sobotka, da obra-prima The Wire. Um personagem incômodo, frágil, impulsivo, impossível de ignorar. Para outros, era o Eddie adulto de It: Chapter Two, aquele que carregava traumas no olhar e medo no corpo inteiro. Para a Kátia, era aquele tipo raro de ator que não atua para agradar. Atua para doer.

Segundo informações da polícia de Los Angeles, não há suspeita de crime. Mas pouco importa o boletim frio quando a sensação é de perda artística real. Ransone sempre foi descrito como intenso, autocrítico, mergulhador de personagens. Em entrevistas antigas, falava do medo do auge, do peso da narrativa, da responsabilidade de contar histórias que ficam.
E ficavam. Ficaram. Ziggy ficou. A inquietação ficou. A estranheza bonita que ele colocava em cena ficou.