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‘Heartstopper’ é original por retratar amor gay

A série original da Netflix, criada por Alice Oseman e dirigida por Euros Lyn, já está disponível na plataforma

FolhaPress

02/05/2022 12h35

A série original da Netflix, criada por Alice Oseman e dirigida por Euros Lyn, já está disponível na plataforma

Foto/Reprodução

“Heartstopper”, da Netflix, é clichê do primeiro ao último episódio. É um romance que, se fosse protagonizado por um garoto e uma garota, pouco teria a acrescentar, mas, por tratar da paixão de dois rapazes, acha originalidade.

Quantas vezes as telas já foram tomadas pela garota que se esconde na biblioteca para ter paz e de repente se apaixona pelo garoto que é a estrela do time de futebol da escola?

“Heartstopper” não é diferente. Charlie, sofre bullying por ter sido tirado à força do armário. Às escondidas, ele beija um colega, Ben, que faz parte do grupo dos jogadores de rúgbi homofóbicos e que finge ter uma namorada.

Eis que, depois de uma briga com Ben, Charlie conhece Nick, que também faz parte do time de rúgbi, mas curiosamente não é homofóbico. Entre um trabalho em grupo e uma mensagem escrita e reescrita dez vezes antes de ser enviada, eles se apaixonam.

Nick ainda não sabe se gosta de garotos. Depois de descobrir a resposta, passa a se perguntar se é gay ou bissexual. Ciente de que nada disso importa, no entanto, ele logo se deixa levar pela paixão e começa a namorar Charlie.

Foto/Reprodução

É a partir daí que os clichês dão espaço para originalidade. Se já é difícil apresentar à família um namorado que não corresponde aos padrões esperados, apresentar um companheiro do mesmo sexo é mais difícil ainda, o que em “Heartstopper” representa a oportunidade de ver na tela conflitos diferentes dos que estamos cansados de ver.

Enquanto em “Grease” e em “High School Musical” os galãs se questionavam se podiam cantar, com medo de manchar reputação, em “Heartstopper” o conflito é mais profundo.

É uma avaliação que pode parecer exagerada, já que a comunidade LGBTQIA+ tem sido vista em quase toda produção recente de Hollywood. Se avaliarmos tais obras a fundo, no entanto, veremos que não é bem por aí, já que em geral seus dilemas são relegados a pano de fundo.

“Heartstopper” não é só uma história com um personagem gay, caso de sucessos como “Elite” e “Euphoria”, para citar apenas dois exemplos de seriados de sucesso recentes. Também não é uma história em que o arco-íris é tratado como cota, com personagens da comunidade LGBTQIOA+ que não podem ter vida própria, como como é visto em “And Just Like That”, o revival de “Sex and the City”.

Embalada por uma paleta ultracolorida, “Heartstopper” é uma comédia romântica -isto é, de final feliz, sem nenhuma grande tragédia, outro destino comum para gays na ficção-, só que centrada no romance homossexual.

É ainda, e talvez isso seja mais importante, distribuída no circuito mainstream, dentro de uma plataforma de streaming que chega a qualquer casa, até mesmo de uma cidade interiorana onde filmes como “Me Chame pelo Seu Nome” não chegaram ou onde nem sequer há salas de cinema.

Foto/Reprodução

Por mais que não seja a primeira história com este propósito, “Heartstopper”, baseada nos quadrinhos de sua roteirista, Alice Oseman, encontra poucos paralelos na indústria audiovisual. Nos cinemas, “Com Amor, Simon”, que estreou em 2018, é até hoje o único filme de um grande estúdio com a mesma proposta.

O sucesso de “Heartstopper” nas redes sociais, sobretudo no Twitter, onde se tornou o seriado mais comentado da semana, reflete a carência do público por histórias com representatividade de verdade.

Reflete, ainda, um atraso. Não é preciso voltar muitas páginas do calendário. Qualquer jovem gay de 20 e poucos anos nunca se viu representado nas telas durante a adolescência, assim como qualquer jovem lésbica ou bissexual ainda não se vê, já que, para elas, não existe nenhum Simon ou um Charlie.

Heartstopper

Avaliação Muito bom

Inglaterra, 2022. Criação: Alice Oseman. Direção: Euros Lyn. Com: Kit Connor, Joe Locke, Olivia Colman. Na Netflix. 12 anos

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