Rosana Jesus
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Para apresentar um pouquinho do mundo da linguagem da performance, o grupo de arte de rua brasiliense Corpos Informáticos se reúne no Núcleo Rural Lago Oste, a partir desta terça-feira (11), com o projeto Participação Performance Política (PPP). Durante quatro dias, a trupe realiza residência artística no local, permitindo encontro e troca entre artistas de diversos estados, além de conhecimentos sobre o bioma do cerrado. A partir desta sexta-feira (14), acontecem apresentações e atividades abertas a todos.
Integrante do grupo há cinco anos, Natasha Albuquerque explica que o principal objetivo do evento é fazer pesquisa de matéria-prima natural. “Desses materiais do cerrado vamos elaborar um repertório para a população local, em especial para os carentes de arte.”
Criado há 25 anos, o grupo leva arte aos locais públicos, por meio de intervenções, instalações e performances artísticas. Além disso, apostam sempre na provocação cultural para além de teatros e museus. São apresentações temáticas relacionadas ao cotidiano das pessoas, buscando representar sentimentos e expressões por meio do corpo.
Natasha explica ainda que o nome do projeto está relacionado com a participação da arte na vida humana. “Buscamos representar objeto e espaço, e, é isso que nos difere do teatro. Além disso, não ensaiamos nada, nos reunimos duas vezes por semana, definimos um tema e vamos para a rua”, explica a estudante de artes visuais. “Estamos sempre no Setor Comercial Sul, Parque da Cidade e Rodoviária do Plano Piloto, por serem lugares com grande aglomeração de pessoas”, completa.
Uma das técnicas usadas pela equipe é o niilismo, definido por representar ou interpretar algo no meio do nada. “Nossas ideias são diversas e nem sempre agrada ao público, mas uma das nossas marcas é o riso”, destaca Natasha. Ela ainda acrescenta que umas das características do projeto é a conservação da arte contemporânea. “Buscamos inovar a cada dia.”
“Conheci a arte ainda no ensino médio quando assisti a um DVD. Na época, eu me interessei muito, mas só ficou nisso. Mais tarde entrei na Universidade de Brasília e conheci as aulas de performance da professora Bia, depois de algumas aulas ela me convidou para fazer parte da equipe e foi a chave para entrar nesse mundo”, relata Natasha.
O Corpos Informáticos é coordenado pela professora de artes Bia Medeiros, que propôs o projeto há sete anos. “Nosso objetivo é criar encontros entre diferentes artistas e trazer importância para o Centro Oste. Além de poder transformar a cidade em um pólo cultural e dinamizar a troca de rede entre artistas”. A educadora, de 61 anos, frisa que a maior dedicação é a obtenção de resultados.
Atualmente, 13 pessoas fazem parte do grupo. A equipe é montada especialmente por universitários das artes cênicas e visuais, porém há espaço para outras áreas como a comunicação e até alunos de ensino médio.