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Globo vai à Justiça para tirar do ar ‘o maior pirata de novelas’ do Brasil

No site, Evangelista diz que tem em acervo diversas tramas de todas as emissoras. Além de Globo, estão disponíveis algumas produções estrangeiras

Redação Jornal de Brasília

17/09/2023 12h02

Foto: Divulgação

GABRIEL VAQUER
ARACAJU, SE (FOLHAPRESS)

A Globo entrou na Justiça e fez uma operação contra a página Carol Novelas, que vende na internet cerca de 500 novelas brasileiras completas para fãs do gênero. Os advogados da emissora dizem que Leandro da Silva Evangelista, dono do site e alvo da ação, é “o maior pirata de novela” do país pela robustez do que disponibiliza. Até tramas raras e que não estão no streaming são vendidas.

A reportagem teve acesso aos documentos da ação, que correm conjuntamente na 8ª Vara Cível e na 1ª Vara Empresarial do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo).

No site, Evangelista diz que tem em acervo diversas tramas de todas as emissoras. Além de Globo, estão disponíveis algumas produções estrangeiras, e de outras TVs, como SBT, Record, Band, e a extinta Rede Manchete (1983-1999).

Até mesmo a pioneira Tupi, primeira emissora brasileira, tem uma novela no catálogo. A trama em questão é “Gaivotas” (1979), uma de suas últimas produções, antes de sair do ar, em 1980.
A variedade e a quantidade de itens do acervo impressionou os advogados da Globo, que fazem varreduras para derrubar o conteúdo, disponibilizado de forma ilegal na internet, e que fere a legislação dos direitos autorais. Para que o cliente tenha acesso ao acervo, Leandro cobra um valor único de R$ 220.

Assim que o valor é pago, a equipe do Carol Novelas, composta por três pessoas, envia ao interessado um arquivo no Google Drive que dá direito a qualquer produção que ele queira. A reportagem conseguiu ter acesso ao conteúdo. A qualidade de imagem é alta, mesmo em novelas mais antigas dos anos 1980 e 1990.

FRCASSOS PERDIDOS E SUCESSOS IGNORADOS PELO GLOBOPLAY

A Globo chamou a atenção para o fato de Evangelista ter produções que, atualmente, só estão em arquivos da emissora. É o caso de “Olho no Olho”, novela de 1993 protagonizada por Tony Ramos. Ela falava sobre seres paranormais que tinham poderes especiais, como um prelúdio de “Os Mutantes” (2008), da Record. A trama ganhou fama de satanista na época e jamais foi reprisada ou disponibilizada.

Outro exemplo é “O Amor Está no Ar” (1996), primeira novela protagonizada por Rodrigo Santoro em sua carreira, e considerada um grande fracasso no horário das seis da Globo. A produção tinha como um de seus argumentos os extraterrestres e a possível existência de vida fora da Terra. Seu desempenho foi tão ruim que teve o final antecipado.

Quem também está no catálogo na íntegra é “De Corpo e Alma” (1992), primeira novela solo de Gloria Perez no horário nobre da Globo e marcada pelo assassinato de sua filha, a atriz Daniella Perez (1970-1992), pelo seu colega de elenco, o ator Guilherme de Pádua (1969-2022).

Mas não é só de tramas perdidas ou fracassadas que vive o catálogo. Sucessos esquecidos também estão lá. É o caso da primeira versão de “Ti Ti Ti”, datada de 1985 e assinada por Cassiano Gabus Mendes. Um fenômeno de público na época, o folhetim não é reexibido pela Globo desde 1988. O Globoplay só tem o remake da produção, que foi ao ar em 2010.

Outro exemplo de sucesso que está na página e não está no Globoplay é “Hipertensão”, produção de 1987 no horário das sete e que jamais foi reexibida pela Globo. Escrita por Ivani Ribeiro (1922-1995), a mesma autora de “A Viagem” (1994), a trama tem a peculiaridade de ter Cesar Filho, atualmente jornalista e apresentador da Record, em um de seus papéis principais.

Tramas que estão no ar atualmente, como “Terra e Paixão”, e a finalizada recentemente “Vai na Fé” (2023) também estão disponíveis.

GLOBO PEDE DINHEIRO E RETIRADA DO AR

Para punir Evangelista, a Globo pediu a retirada do ar imediata e que ele seja impedido de vender o catálogo que tem e que a emissora considerou “concorrência desleal”. A empresa pede uma indenização de R$ 100 mil por danos morais.

Procurada pela reportagem, a Globo diz que não comenta casos judiciais em curso. A reportagem tentou entrar em contato com o blog Carol Novelas através do email fornecido pela página. Foram enviadas duas mensagens, sem resposta.

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