Menu
Entretenimento

Festival de Brasília: Drama e mistério ditam o tom de western gaúcho

Arquivo Geral

21/09/2016 7h00

Rifle tem direção do gaúcho Davi Pretto, que esteve na Sessão Fórum do Festival de Berlim, com o longa Castanha (2014). Foto: Divulgação

Larissa Galli
cultura@jornaldebrasilia.com.br

A primeira noite da mostra competitiva do 49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro começa com o olhar cinematográfico sobre identidade pessoal em um contexto que força o seguimento de uma mesma vida urbana. A violência direta e física, do dia a dia, do capitalismo expansionista, da relação homem e máquina, da ideia de vencer na vida e de ser alguém. A temática acima se refere ao filme Rifle, segundo longa- metragem do gaúcho Davi Pretto, exibido hoje, a partir das 21h30, no Cine Brasília.

Com roteiro escrito em parceria com Richard Tavares, o filme narra a história de Dione, um jovem misterioso que vive em uma região rural e remota. Tudo muda quando sua família passa a ser ameaçada por um rico fazendeiro que tenta comprar a propriedade.

O longa foi filmado durante quatro semanas, em Vacaíqua, no interior do Rio Grande do Sul. Davi Pretto quis voltar o olhar para a região do extremo sul do País, em um contexto pós-êxodo rural de um interior mais esvaziado. “A gente queria contar a história das pessoas que vivem lá, suas dificuldades, inseguranças, sentimentos, mas sempre buscando um olhar para além do real. Fiz uma pesquisa intensa na região e conheci muita gente e suas histórias, muitas delas entraram no roteiro”, explica o cineasta, em entrevista ao JBr.

Davi conta que o processo de produção de Rifle foi uma experiência de imersão no local e compartilhamento de vivências entre elenco e moradores da região. “A filmagem não é um ambiente burocrático, mas, sim, um lugar de convivência, onde o cotidiano e a ficção interferem um no outro. É uma troca intensa”, revela.

O elenco da produção é composto por moradores da região de Vacaíqua. “No filme, os moradores interpretam personagens de uma história que não é a deles, mas que poderia ser”. A ideia, segundo Pretto, era dar voz e representatividade para os poucos moradores que são pequenos proprietários de terra. “Fazer um filme no interior e não me atentar a questionar a situação das pessoas que vivem lá não teria sentido algum”, completa.

Entre o real e a ficção

O primeiro longa de Davi Pretto é o bem-recebido Castanha, que transita entre a ideia de real e ficção. O filme retrata João Carlos Castanha, transformista gaúcho que faz shows em boates LGBTs de Porto Alegre. Na produção, que estreou em 2014 no Berlinale, Castanha interpreta a si próprio, recriando situações vividas ao lado de sua mãe e dos amigos.

De acordo com o cineasta, Rifle mantém a liberdade de transitar entre realidade e ficção, presente em Castanha, mas faz uma curva mais evidente. “Em Castanha, a gente se deixava contaminar com o real o tempo todo. Em Rifle, o processo usado foi o de dialogar com o real como universo, mas mantendo mais rígida a ideia de representação e teatralização, do distanciamento do real”, destaca.

Hoje é a primeira vez que Rifle será exibido para o público.

Doc, animação e sessões especiais

Também na mostra competitiva, Ótimo Amarelo é um documentário de curta-metragem produzido na Bahia pelo Cual – Coletivo Urgente de Audiovisual. O diretor Marcus Curvelo também é roteirista, montador e participa do curta ao lado de Iara Emanuela Jacinto.

Também na programação da noite, a animação paulista Quando os Dias Eram Eternos conta a história de um filho que retorna à casa para cuidar da mãe em seus últimos dias de vida. Diretor do curta, Marcus Vinicius Vasconcelos é sócio do Estúdio Teremim, e participou de diversos trabalhos de animação, entre eles, o longa O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, indicado ao Oscar deste ano.

Além da mostra competitiva, hoje também começam as exibições das mostras paralelas e a programação de workshops, palestras e seminários que completam o Festival de Brasília.

Com entrada franca no Cine Brasília, a mostra A Política no Mundo e o Mundo da Política estreia o longa Sexo, Pregações e Política, de Aude Chevalier-Beaumel e Michael Gimenez, às 15h. No mesmo local, Câmara de Espelhos, de Dea Ferraz, e Precisamos Falar do Assédio, de Paula Sacchetta, abrem a Sessão Especial, às 17h e 19h, respectivamente.

Serviço:

49º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

– Até 27 de setembro.
No Cine Brasília (106/107 Sul) e em outros pontos do Distrito Federal. Ingressos para a mostra competitiva: R$ 6 (meia-entrada). Informações: 3325-7777. Programação completa disponível no site festbrasilia.com.br.
A classificação indicativa varia de acordo com o filme.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado