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Exposições

Espetáculo “Guerrilheiras ou Para a terra não há desaparecidos” acontece no DF

Uma obra sobre guerrilheiras que traz luz a importante episódio histórico do país

Redação Jornal de Brasília

29/08/2019 15h50

Foto: Elisa Mendes

“Guerrilheiras ou para a terra não há desaparecidos” é a primeira montagem de uma série de trabalhos em artes integradas, fruto de pesquisa coordenada pela atriz Gabriela Carneiro da Cunha. Sob o tema “Margens – sobre Rios, Buiúnas e Vagalumes”, o projeto [de Gabriela] traz olhares a partir da perspectiva de rios brasileiros, cenários de acontecimentos históricos de grandes proporções.

Com direção de Georgette Fadel, a dramaturgia, deste primeiro trabalho, foi criada a partir de testemunho na ótica do Rio Araguaia e da história de 12 mulheres que lutaram durante a Guerrilha do Araguaia [abril de 1972 a janeiro de 1975], um dos conflitos armados mais violentos que se deu durante a ditadura civil militar brasileira.

A Guerrilha do Araguaia, ocorrida na Floresta Amazônica [entre os estados do Pará e de Tocantins], reuniu cerca de 70 pessoas, sendo 17 mulheres, vindas de diferentes regiões brasileiras para participar de um movimento com a intenção de derrubar a ditadura e tomar o poder cercando a cidade a partir do campo.

De linguagem intermediária entre ficção e documentário, “Guerrilheiras ou para a terra não há desaparecidos” cria um poema cênico a partir das memórias dessas mulheres, que lutaram e marcaram aquela região. “Certas coisas devem ser feitas: manter a chama acesa, relembrar e iluminar a história de lutas e seus lutadores, com todas as contradições que cada uma carrega”, destaca Georgette.

Como parte da pesquisa, equipe e elenco da peça [diretora, autora e as atrizes Carolina Virguez, Daniela Carmona, Fernanda Haucke e Mafalda Pequenino] viajaram até o sul do Pará, onde permaneceram por 15 dias. Sara Antunes, também atriz do elenco, não pode ir pois estava grávida. Assim como as mulheres da Guerrilha, naturais de diferentes localidades, a equipe é formada por artistas do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e da Colômbia.

Eryk Rocha, cineasta, documentou todo o percurso da equipe durante viagem e a projeção dos registros, entre rostos e paisagens, compõe o cenário do espetáculo em um diálogo com a atuação das atrizes protagonistas. Além das imagens, sons do Rio Araguaia acompanham algumas cenas, o que leva o espectador a mergulhar na dramaticidade da história.

Mergulhar na Guerrilha do Araguaia, “significa reconhecer as lutas que constituem a resistência”, pondera Gabriela Carneiro, e considera, no entanto, que não se trata de uma luta de outro tempo, “mas ainda legível no Brasil atual, de frágil democracia”. A montagem e dramaturgia, potentes, recorrem a suas testemunhas ainda vivas e que carregam essa história em seus corações, “seja pelo fato de que as famílias ainda buscam por seus desaparecidos e porque a violência, ali vivida, ainda persiste neste país”, finaliza.

“Guerrilheiras ou para a terra não há desaparecidos” é uma homenagem “à força dos que amam esse planeta e seus filhos, sem distinção”, destaca a diretora, que ajuíza, “não há ingenuidade acerca da complexidade dos acontecimentos ligados à ditadura militar no Brasil e à Guerrilha do Araguaia. Porém, sobre todas as ambivalências possíveis, paira a imagem de uma mulher sozinha, perdida na mata, sem alimento e vestida de trapos de sutiã cercada de homens armados”.

A circulação do espetáculo, pelos estados do Pará, Tocantins e Goiás e o Distrito Federal, acontece em razão do patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Distribuidora de Cultura. O Programa é uma seleção pública que contempla a circulação de espetáculos teatrais em parceria com o Ministério da Cidadania. No último edital, no valor de R$ 15 milhões, foram selecionados 57 espetáculos, de todas as regiões do país, que cumpriram temporadas por todos os estados do Brasil.

 

SERVIÇO:

Local: Teatro dos Bancários.

Endereço: EQS 314/315 – Bloco A – Asa Sul.

Sessões: Dias 5 e 6 de setembro (quinta e sexta), às 20h30.

As duas sessões contam com audiodescrição para cegos.

Ingressos: R$ 20,00 (inteira), e R$ 10,00 (meia).

Bilheteria: De segunda a sexta, das 14h às 19h. Sábado e domingo, das 14h até o início de sessão.

Vendas online: bilheteriadigital.com/ASGUERRILHEIRAS

Classificação indicativa: Não recomendado para menores de 14 anos.

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