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Exposição resgata memória da cultura judaica destruída após a Segunda Guerra Mundial

Arquivo Geral

16/05/2017 7h00

Atualizada 15/05/2017 23h07

Foto: Divulgação

Ícaro Andrade
icaro.andrade@jornaldebrasilia.com.br

Brasília recebe, no Museu Nacional da República, a exposição internacional Last Folio – Preservando Memórias. Por meio da arte, a idealização da obra se consolida com fotografias do renomado fotógrafo esloveno Yuri Dojc, em parceria com vídeos da cineasta Katya Krausova. Por meio de imagens e impressões, a obra retrata a grande destruição que a Segunda Guerra Mundial deixou na Eslováquia, procurando resgatar um pouco da cultura judaica no país daquela época. Exposta pela primeira vez na América Latina, a mostra segue em cartaz até a última semana de junho.

“A exposição nos leva a reviver acontecimentos de 70 anos atrás. A minha inspiração em fotografar aquela região do país surgiu com a morte do meu pai, foi ele quem me inspirou. Eu estava no funeral e, por lá, encontrei pessoas sobreviventes ao holocausto”, lembra Dojc.

Foram dez anos de pesquisa a fim de resgatar os últimos testemunhos da cultura judaica. Ao todo, 60 imagens de Yuri Djoc e um curta-metragem produzido por Katya Krausova passeiam por um passado desastroso, que deixou vítimas e extinguiu culturas. As cenas são distribuídas em três partes – retratos, livros e objetos –, que trazem sinagogas bombardeadas, prédios escolares desertos, artefatos religiosos destruídos, livros e retratos de sobreviventes da guerra, dentre eles a mãe de Yuri.

“Entrevistamos 150 pessoas e atualmente apenas sete estão vivas. O mais impressionante de tudo isso é que conseguimos captar o último momento de vida delas. Já sobre os lugares, monumentos, escolas e espaços sagrados, me deparei com muita tristeza. O que mais me chocou foi ver o abandono nesses lugares, que acabaram perdendo todo seu valor, mas não sua essência”, destaca o fotógrafo.

O artista destaca uma conversa marcante que teve com uma senhora durante o funeral de seu pai. “Foi a fagulha que inspirou todo o projeto. Ela me contou a experiência que teve no campo de concentração em Auschwitz, na Polônia. Foi emocionante. E eu não poderia deixar essas histórias serem esquecidas”, declara.

A cineasta Katya Krausova vê a exposição em si não apenas como um resgate à cultura do país que hoje se divide em República Checa e Eslováquia, mas também como sendo capaz de provocar emoções aos visitantes. “Esse trabalho artístico e poético não se resume a um projeto documental, são fotografias pessoais. Os visitantes de vários lugares por onde a exposição já passou conseguem ter uma identidade pessoal com essas fotografias, cada um de uma forma diferente. Acredito que o público brasiliense terá essa mesma percepção”, diz Katya.

Triste paralelo com os dias de hoje

Last Folio traz imagens que se assemelham bastante com as consequências dos atuais conflitos que o mundo vivencia. “É uma chamada de atenção. A exibição dessas imagens é uma forma de falar de um momento histórico de nosso tempo. Os conflitos na Síria e Iraque, por exemplo, evidenciam as mesmas histórias. Por lá a cultura e memória desse povo também estão sendo destruídas. Infelizmente é um mesmo fato triste recorrente para o nosso mundo. O ciclo apenas se repete”, opina a cineasta Katya Krausova.

Em 2015, a exposição ficou em cartaz na cidade de Berlim, na Alemanha, para marcar o 70º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial. Outros países como Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, Eslováquia e Itália também receberam a mostra.

Yuri Dojc e Katya Krausova nasceram na antiga Checoslováquia e deixaram sua terra natal em 1968, por razões políticas. Dojc agora vive no Canadá como fotógrafo reconhecido internacionalmente. Seu trabalho está exposto nas coleções da National Gallery, no Canadá; na Biblioteca do Congresso, em Washington; no Museu Nacional da Eslováquia, entre outros. Katya Krausova vive em Londres, onde é cofundadora da Portobello Pictures, companhia de produção televisiva e cinematográfica que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro com Kolya em 1997.

Serviço

Exposição Last Folio – Preservando Memórias
Até 29 de junho. No Museu Nacional da República (Eixo Monumental). Visitação de terça a domingo, das 9h às 18h30. Entrada franca. Classificação livre.

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