Eric Zambon
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Os Mercenários e Os Vingadores tiveram um filho e o batizaram de Velozes e Furiosos 8. No lugar de guerrilheiros aposentados ou super-heróis, temos aficcionados por carros potentes que utilizam suas máquinas para viajar o mundo e combater o terrorismo. Para uma franquia originalmente sobre corridas de rua alcançar esse ponto, porém, foi preciso aumentar (e muito) a realidade.
No mundo da saga, as leis da física funcionam de maneira diferente quando o anti-herói Dominic Toretto (Vin Diesel) e sua equipe estão atrás do volante. Os veículos não são apenas meios de transporte, são quase extensões de seus corpos, capazes de saltar de prédios, dar cambalhotas e disparar mísseis. Se você conseguir abraçar essa proposta e ignorar a ciência e a tecnologia impossíveis que movem a história, irá se divertir bastante.
Na trama, que estreia hoje nos cinemas, Dom é convencido pela ciberterrorista Cipher (Charlize Theron) a trabalhar para ela e trair seu bando – ou família, como prefere chamar. O Sr. Ninguém (Kurt Russel), chefe do serviço secreto de inteligência dos EUA, recorre aos ex-companheiros do protagonista – sua amada Letty (Michelle Rodriguez), o forte Hobbs (Dwayne Johnson), a hacker Ramsey (Nathalie Emmanuel), o palhaço Roman (Tyrese Gibson) e o inteligente Tej (Ludacris) – para tentar impedi-lo e desmascarar sua nova chefe. Eles ainda recebem o reforço do vilão do último filme, o frio Deckard (Jason Statham).
As cenas de ação estão ainda mais absurdas se comparadas às do sétimo filme e revelam muita criatividade da equipe responsável pelo longa. Estreante na franquia, o diretor Felix Gary Gray se vale de todos os elementos já mostrados na saga, como o nitro e o programa de rastreamento “Olho de Deus”, para tornar a sequência tão intensa quanto possível. Perseguições potencialmente simples em Nova York se transformam em um apocalipse de carros automatizados. O ponto alto, aliás, é quando os pilotos são levados para geleiras na Rússia e correm contra um submarino (!!!).
Como o time de personagens centrais é muito grande e boa parte dos 136 minutos do filme são dedicados às acrobacias e explosões, cada pessoa é uma caricatura.
Astro da saga, Vin Diesel não é um ator dos mais versáteis, mas sua caracterização de Dom é seu melhor trabalho, e ele impõe todo o respeito e temor que o personagem precisa passar.
Charlize Theron parece se divertir com os maneirismos de sua Cipher, assim como Kristofer Hivju (Tormund, de Game of Thrones). Ambos combinam vilania de filmes antigos do James Bond com um toque de malícia que os torna, de fato, ameaçadores.
Em suma, Velozes e Furiosos 8 é um blockbuster que cumpre sua função de entretenimento e continua, sem grandes surpresas, a saga iniciada há 16 anos. A produtora responsável pelo longa, Universal Pictures, já anunciou a pretensão de chegar ao décimo filme. Haja gasolina para chegar tão longe.
Saiba mais
O primeiro Velozes e Furiosos foi lançado em 2001 e teve relativo sucesso à época. O enredo trazia o policial Brian O’Connor (Paul Walker, falecido em 2013) se envolvendo no mundo de corridas de rua para capturar Dominic Toretto (Vin Diesel), apontado como líder de uma gangue que roubava caminhões. + Velozes +Furiosos veio dois anos depois e introduziu o personagem de Roman (Tyrese Gibson) à franquia. O terceiro filme, Tokyo Drift, de 2006, teve péssima bilheteria e a saga ameaçou não ter continuação.
Em 2009, o diretor Justin Lin ressuscitou o título e reuniu Brian e Dom para combater um traficante internacional de drogas em Velozes e Furiosos 4. No capítulo seguinte, Operação Rio, Lin levou a dupla à cidade Maravilhosa com intuito de combater a corrupção na Polícia Federal. O cineasta ainda esteve à frente de Velozes.. 6, antes de deixar o posto para James Wan na sétima parte da saga.