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Em cartaz até setembro, festival internacional traz 22 espetáculos do País e do mundo a Brasília

Arquivo Geral

22/08/2017 7h00

Atualizada 21/08/2017 22h13

Foto: Diego Bresani/Divulgação

Larissa Galli
cultura@jornaldebrasilia.com.br

A partir de hoje e até dia 3 de setembro os palcos do Distrito Federal recebem a 18ª edição do Cena Contemporânea. São 22 espetáculos, sendo 5 internacionais, que chegam a Brasília para falar, nos palcos, de tolerância, liberdade racial, de gênero e política, respeito às diferenças, propondo uma reflexão sobre a contemporaneidade, ética, violência, poder.

Espetáculos da Espanha, França, Colômbia, África do Sul e de diversos estados brasileiros dividem os palcos do festival. A abertura, que acontece hoje no Teatro da Caixa, fica por conta da encenação de Black Off, espetáculo sul-africano que aborda o pensamento racista como construção histórica. Montagens de encenadores brasileiros como Aderbal Freire-Filho, Grace Passô e Georgette Fadel também estão na lista.

A programação se estende ao Teatro Funarte Plínio Marcos e à rede de teatros do Sesc (Plano Piloto, Ceilândia, Taguatinga e Gama), ao Teatro da Caixa, Museu Nacional, além de chegar a espaços alternativos, como o Imaginário Cultural (Samambaia), o Teatro Lieta de Ló (Planaltina), o Parque Olhos D’Água, a Praça do Conjunto Nacional e a Praça da Bíblia na Estrutural.

Com curadoria de Alaor Rosa, o festival deste ano se caracteriza por trazer à tona temas que afligem o ser humano. “A curadoria tem olhar atento ao que está acontecendo em Brasília, no Brasil e no mundo. Estamos nos pautando pela política e igualdade de direitos para as minorias”, explica. Por isso, o evento abre com a peça da África do Sul, que traz o preconceito racial em seu cerne. Dirigido e estrelado pela atriz Ntando Cele, o espetáculo utiliza o humor ácido para falar dos estereótipos ligados à população negra.

Protagonismo feminino

A presença feminina também foi um critério importante para compor a programação do festival. “Fizemos questão de trazer peças feitas por mulheres que falam sobre mulheres”, afirma Alaor. “É preciso fazer isso para falar sobre machismo e igualdade de direitos como nos propomos”, completa. Como exemplo, ele destacou as peças Afinação I, que tem Georgette Fadel como protagonista e que recupera a história da filósofa francesa Simone Weil; O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu, estrelado por uma transexual; e Guerrilheiras, que conta histórias de mulheres assassinadas na Guerrilha do Araguaia.

Gabriela Carneiro da Cunha é a idealizadora de Guerrilheiras. Ela e mais 11 atrizes de vários lugares do Brasil se juntaram para contar a história das mulheres que foram assassinadas na Guerrilha do Araguaia, durante a ditadura militar brasileira. “Buscamos um elenco que trouxesse a diversidade que havia na guerrilha. Há também uma atriz colombiana para salientar que o momento histórico de repressão não era só no Brasil, mas em toda a América Latina”, conta Gabriela.

Sem pretensão de fazer uma reconstituição dos fatos, Gabriela caracteriza o espetáculo como um poema cênico. “Tentamos contar a história através da poesia, do olhar feminino e de elementos audiovisuais”, destaca. “A peça não é historicista e não tem o desejo de fazer uma reconstituição dos fatos, até porque a história do Araguaia é cheia de incertezas, vazios e buracos. É um encontro das mulheres de hoje com a memória das mulheres de 50 anos atrás”, finaliza.

Da escola para os palcos

Em novembro de 2016, o JBr. publicou matéria sobre um espetáculo de teatro criado com a participação de alunos do 2º ano do Ensino Médio da escola pública Stella dos Cherubins, em Planaltina. Agora, eles estão no Cena Contemporânea com o resultado desse trabalho. O espetáculo Tsunami faz parte da programação do festival.

“É muito interessante ter sido selecionado com um projeto que começou dentro da sala de aula para participar de um festival tão importante”, declarou Wellington, professor de teatro e idealizador do projeto. “O projeto agora toma outros rumos e ingressa no circuito comercial e profissional”.

Com direção de Jonathan Andrade e atuação de Ana Flávia Garcia, Wellington propôs que os estudantes interagissem com a história. A peça aborda temas como dor, incômodo e a sensação de estar só, sem território e sem saber se localizar, além de questões pessoais e de afeto da própria atriz e dos alunos.

Segundo Wellington, a história de Tsunami é uma metáfora para situações comuns no mundo de hoje. “Refletimos sobre a questão dos refugiados, a sensação de não ter um território e sobre quem precisa deixar seu país”, destaca.

O grupo brasiliense Andaime Cia. de Teatro abre o festival com o espetáculo de rua Poéticas Urbanas. A performance pode ser vista hoje, ao meio-dia, na Praça do Shopping Conjunto Nacional. A obra mistura teatro e performance e trata de amor nos tempos virtuais e da distância entre os corpos e a falta de afeto.

Serviço

Cena Contemporânea

De hoje a 3 de setembro, em várias salas de teatro do Distrito Federal. Ingressos a R$ 10 (meia-entrada). Informações e programação completa no site cenacontemporanea.com.br. A classificação indicativa varia de acordo com o espetáculo.

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