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‘Efeito Influência’ explica o que são influenciadores, mas não é isento

O documentário, produzido pela H1 Editora, do publicitário Rodrigo Simonsen, foi lançado no final de maio e está disponível no YouTube

FolhaPress

24/06/2022 10h36

O documentário, produzido pela H1 Editora, do publicitário Rodrigo Simonsen, foi lançado no final de maio e está disponível no YouTube

Foto/Reprodução

“Se eu não tivesse a internet, talvez ainda estivesse morando na favela, trabalhando com a minha mãe”. O depoimento da ex-moradora da Maré, no Rio, a empresária Bianca Andrade, conhecida como “Boca Rosa”, é narrado no documentário “Efeito Influência”, produzido pela H1 Editora, do publicitário Rodrigo Simonsen, lançado no final de maio e disponível no YouTube.

Um resumo da história da jovem pobre que se tornou milionária -hoje está à frente da Boca Rosa Company, que administra negócios de maquiagem e cabelos, com faturamento estimado em R$ 120 milhões ao ano- é um dos exemplos do documentário para ilustrar o atual fenômeno dos influenciadores.

Reportagem da Folha de S.Paulo já revelou que, só no Brasil, eles já somam mais de 500 mil, segundo a empresa de pesquisas Nielsen (considerando perfis nas redes sociais com pelo menos 10 mil seguidores). Cobram em média R$ 18 mil por campanha -mas pode ser bem menos, a partir de R$ 1 mil, ou muito mais, R$ 600 mil, em casos de influenciadores que atingiram patamar de celebridades. Bianca Andrade, a Boca Rosa, por exemplo, alcançou fama ainda maior depois de participar do reality BBB Brasil em 2020.

No documentário da H1, a Boca Rosa é a única influencer famosa que se apresenta como tal. A produção também traz o filósofo Luiz Felipe Pondé que, embora afirme ser apresentado como influencer e youtuber em algumas ocasiões, não se considera assim.

“Construí meu repertório e minha trajetória antes das redes sociais. Não sou um animal que nasceu nas redes sociais. Também não trabalho por engajamento. Tenho 62 anos, nunca precisei disso para me desenvolver. Hoje é um pouco pior para os mais jovens.”

Pondé é um dos 24 entrevistados no documentário da H1, a maioria deles influenciadores (todos brancos, a maioria mulheres). Em 1 hora e 20 minutos, a produção procura explicar o patamar atingido pelos influenciadores na sociedade a partir do depoimento de cada um, intercalado com observações de agenciadores e especialistas como Pondé, que falou sobre a agressividade nas redes sociais.

Não há um narrador contextualizando o espectador: as entrevistas foram editadas para abordar pontos chave que descrevem o fenômeno de maneira dinâmica, como as razões que podem ter levado ao sucesso das redes sociais no Brasil, o que é influência, a diferença entre influenciador e celebridade, a empatia com o público, o cancelamento e o que é marketing de influência.

É neste último ponto que o telespectador sente um certo desconforto em assistir o vídeo no YouTube: um QR Code aparece na tela algumas vezes acompanhado de frases como “A história deles também pode ser a sua” e “Aprenda a ser um influenciador de verdade”.

O código leva a um anúncio da H1 Editora: “Descubra o poder da influência. Três livros em edição especial e três cursos com os melhores professores do mercado formam a experiência de aprendizado perfeita para quem quer influenciar de verdade a sua audiência”.

“O documentário surgiu a partir da edição do livro ‘Marketing de Influência’, do escritor inglês Gordon Glenister, lançado no Brasil pela H1. Pensamos em criar um box, com livros e cursos sobre o assunto e, para fomentar o debate, fizemos o documentário”, disse à Folha de S;Paulo Rodrigo Simonsen.

Glenister é um dos entrevistados no documentário, assim como Ícaro de Carvalho, sócio de Simonsen na H1 e na Novo Mercado, uma escola de marketing digital.

Ao lado de Pondé, Glenister e Carvalho fazem alguns dos contrapontos mais interessantes da produção. Seguir os influenciadores, diz Glenister, é como repetir “A Roupa Nova do Rei” -conto do dinamarquês Hans Christian Andersen, que narra a história de um rei vaidoso enganado por dois espertalhões, que fizeram uma cidade inteira acreditar que havia um tecido mágico capaz de ser visto apenas pelos muito inteligentes. “Confiamos na opinião dos outros”.

A conquista de confiança junto aos fãs leva o influenciador a se arriscar para manter a audiência. “Você começa com pequenas opiniões polêmicas, que vão te dando um pouco mais de likes, um pouco mais de visualização, e pouco a pouco você vai perdendo a noção do que pode ou não pode ser dito”, afirma Carvalho. “Tudo pode ser dito, mas você está pronto para assumir essas consequências?”, questiona.

O filme teve pré-estreia no Cine Petra Belas Artes, em São Paulo, em 30 de maio. “Colocamos os ingressos para vender na internet e esgotaram em menos de um minuto”, disse Simonsen, ressaltando que os cerca de 270 ingressos foram vendidos a R$ 97 cada um. Agora a produção está de graça no YouTube.

O documentário faz uma boa abordagem do fenômeno dos influenciadores e suas implicações sociais, profissionais e mercadológicas. Mas não é um trabalho isento. Ao final, Martha Terenzzo, professora de storytelling, diz que qualquer um pode ser um influenciador, mas precisa estudar. “E como eu faço isso? Comece pelos livros”, diz ela, que é uma das professoras do curso de Marketing de Influência da H1 Editora.

Efeito Influência

Ano: 2022

Produção: H1 Editora

Direção: Rodrigo Simonsen

Duração: 1h20m

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