Larissa Galli
cultura@jornaldebrasilia.com.br
Se você acompanha a cena musical da capital e mesmo assim ainda não ouviu falar de Joe Silhueta, é bem provável que isso mude ainda este mês. Isso porque o brasiliense Guilherme Cobelo e sua banda serão figurinhas quase onipresentes nos maiores festivais locais do DF nas próximas semanas. Por enquanto, a presença já é garantida no Satélite 061, Móveis Convida e Porão do Rock. Além disso, hoje, eles sobem ao palco do festival Capital na Tela, no Centro Cultural Banco do Brasil.
Dando nova expressão ao cenário musical brasiliense, Silhueta faz um som “voltado para a contracultura tupiniquim mais antropofágica”. O som é inspirado na vertente brasileira do underground setentista, mais conhecida como Movimento Udigrudi – que também conduziu as produções de Alceu Valença e Zé Ramalho.
Em entrevista ao Jornal de Brasília, Cobelo garante que sobram expectativa e empolgação para as apresentações. “Vamos promover uma baderna!” Mas o público pode se preparar para uma performance mais madura, avisa. “A plateia vai receber um show mais coeso, com músicas novas, algumas releituras e canções que não são nossas no repertório”. Isso porque Joe Silhueta está começando a se transformar, apontando para um novo caminho e para a produção de um disco inédito.
Antes do novo trabalho chegar, é possível conferir Dylanescas, lançado em março deste ano. Como sugere o nome, o EP é inspirado em Bob Dylan, com canções no estilo folk. Produzido na lógica minimalista por Kelton Gomes, e de forma independente, o disco possui cinco faixas, apenas com voz e violão, que representam a primeira fase do projeto.
Multifacetado
Guilherme é integrante da banda Korina, desde 2009. Além disso, é escritor de contos, ensaios e poemas; instrumentista, compositor, cantor e livreiro. Ele possui um sebo ambulante, chamado Dom Caixote, e vende livros pela cidade. Por enquanto, possui duas publicações. O livro que norteia o trabalho do músico, chamado Mitologia Grogue, será lançado em breve. Além disso, o artista também se aventura na produção de videoclipes e cartazes de divulgação.
Sobre o cenário musical do Distrito Federal, Guilherme declara que “apesar dos pesares, lei do silêncio, censura e fechamento de espaços, acredito que tem acontecido uma efervescência extraordinária na música brasiliense. Estão surgindo novos artistas e está tudo bem interessante”.
O evento do festival Móveis Convida em que Joe Silhueta vai tocar recebeu o nome de Móveis Convida o Grogue. Cobelo explica que “grogue” é o nome dado ao modo que ele e um grupo de amigos encaram a vida e produzem seus trabalhos. “É um movimento, e não é. É uma movimentação, como se fosse um espírito”, tenta explicar.
A corrente de pensamento guia suas criações: “Grogue é um fazer e criar coletivo e independente. Somos um grupo de amigos que tem referências e ideias em comum, a gente cria juntos”. Desse grupo fazem parte músicos, artistas plásticos, designers de móveis, cineastas, acupunturistas. E todos se inspiram no texto Mitologia Grogue, produzido por Guilherme sobre a “maneira louca de ver as coisas”.
Planos para o futuro e formação
Para o futuro, além do lançamento do livro Mitologia Grogue, Guilherme Cobelo diz estar criando novas composições para tentar superar o EP Dylanescas.
“Queremos criar uma nova estética. Conseguimos perceber que estamos nos tornando mais uma banda e menos um projeto, queremos desfrutar disso”, destaca.
O artista ainda promete a produção de videoclipes e ressalta a vontade de se apresentar fora de Brasília. “Acho que estes festivais que estão por vir vão dar uma boa visibilidade para nós. Queremos entrar em contato com algumas produtoras para levar nosso trabalho para outras cidades, impulsionar um público mais amplo”.
A banda é formada por amigos que também tocam em outros grupos. São eles: Gaivota Naves (Rios Voadores), nos backing vocals; Kelton Gomes, no baixo e vocais; Marlon Tugdal (Almirante Shiva), na bateria; Lucas Sombrio (Satanique Samba Trio), sanfona e clarineta; Carlos Beleza (Almirante Shiva), guitarra; Tarso Jones (Rios Voadores), teclados; e, claro, Guilherme Cobelo, no violão e voz.
Serviço:
EP Dylanescas
– Artista: Joe Silhueta
– Faixas: 5
– Gravadora: Independente
– Disponível para download gratuito no site miniestereo.org e à venda nos festivais por R$ 10.
Capital na Tela
– Hoje, às 21h30. Na área externa do Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Esportivos Sul). Ingressos a R$ 10. Informações: 3108-7600. A classificação indicativa varia de acordo com a atração.
Móveis Convida
– Neste sábado, às 20h. No Complexo Cultural Dulcina – Conic (Setor de Diversões Sul). Ingressos a R$ 30. Não recomendado para menores de 18 anos.
Festival Satélite061
– 25 de setembro, às 19h. Na Torre de TV. Acesso e classificação livre.