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Conheça a Velma de ‘Scooby-Doo’ que é LGBT+, tem pele escura e ri do homem branco

Personagem é feminista e filha de indiana em nova série adulta da HBO Max, que faz Fred de chacota e traz um Salsicha preto

FolhaPress

14/02/2023 18h47

Foto: Divulgação/HBO Max

GUILHERME LUIS

Uma Velma de pele escura se apaixona por uma Daphne com traços orientais em “Velma”, nova série adulta do universo do Scooby-Doo lançada pela HBO Max. O tesão entre elas surge quando as duas precisam se beijar para afastar entidades assustadoras que assombram a mente da protagonista.

Sangue, piadas de teor sexual e um texto pró-minorias preenchem esta animação que conta a história de origem da trupe de investigadores. Na trama, Velma apura assassinatos em série com a ajuda de seu colega Norville, o Salsicha, que nesta versão é negro. Fred Jones, por sua vez, agora só serve de chacota do grupo por ser um homem branco estúpido.

Os últimos capítulos de “Velma” estrearam na plataforma de streaming na última quinta-feira depois de a série ser rechaçada pela crítica especializada e pelos fãs do desenho clássico que estreou em 1969.

Nas redes sociais, reclamam que a produção deturpou os personagens. “A DC decidiu lacrar. Se querem personagens gays, basta criá-los. Não precisa alterar os heróis clássicos”, escreveu uma pessoa no Twitter. Outro publicou que o novo desenho é “a coisa mais péssima, nojenta, horrorosa e idiota que o ser humano já fez”.

Não é o que pensa Fernanda Baronne, que dubla a Velma no Brasil desde 2013. “Não dá para comparar a série nova com a antiga. Ela celebra os personagens e atualiza a história com diversidade de raça e sexual. É uma homenagem”, afirma.

“Velma” se tornou um dos seriados mais mal avaliados no IMDb, site que agrega resenhas de filmes e séries, com uma nota média de 1,4. Para a cineasta e artista visual Erica Modesto, que é LGBTQIA+, as pessoas podem estar incomodadas porque a produção rompe com o que há de patriarcal em “Scooby-Doo”.

“Tinha o mocinho bonito, a mocinha indefesa, o alívio cômico e o pet fofo e atrapalhado. Se falam que a Velma agora pertence a um universo que os conservadores não estão prontos para assimilar, essas pessoas piram”, diz.

O novo seriado é mesmo disruptivo. Velma agora é feminista e filha de uma mulher indiana. Daphne é adotada por duas mulheres lésbicas. O cabelo laranja do Salsicha foi substituído por dreads pretos. Já Fred perde a alcunha de galã inspirador para lembrar o espectador dos privilégios que homens brancos ricos ostentam.

Para além dos protagonistas, o texto da série é ácido, debochado e crítico. Toca em temas delicados como racismo, violência policial, misoginia, pressão estética e outros problemas da sociedade americana.

Baronne, a dubladora, não vê problema com as piadas sobre gente branca. Diz que são feitas com o mesmo humor americano que sempre zombou de minorias. Modesto ecoa a opinião dela e acrescenta que os desenhos animados permitem uma abordagem simples e profunda de temas relacionados à diversidade.

A polêmica em torno da sexualidade de Velma ganhou força em 2020, quando Tony Cervone, o produtor de “Scooby-Doo”, afirmou no Instagram que a personagem é lésbica.

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