Larissa Galli
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Quanto mais Tropicália, melhor! Neste fim de semana, o movimento cultural brasileiro do fim dos anos 1960 ganha homenagem especial. São cinco décadas desde o seu surgimento, em meio à ditadura militar, estremecendo o cenário musical brasileiro, quebrando paradigmas e rompendo certas convenções. Para celebrar os 50 anos da Tropicália, o Centro Cultural Banco do Brasil recebe o festival Quanto Mais Tropicália, Melhor, que traz à capital um dos fundadores do movimento, Tom Zé. Céu, Pedro Luís e a Parede (Plap) e Pato Fu também estão na programação.
“A Tropicália desamarrou vários nós musicais, deixou livre a passagem para que arranjos pudessem fluir sem medo, sem proibições. Juntou turmas diferentes, foi extremamente inventiva”, resume Fernanda, vocalista do Pato Fu. O grupo mineiro se apresenta neste domingo depois do show de Pedro Luis e a Parede. De acordo com Fernanda, todos estão sob influência do que foi produzido no tropicalismo. “Influencia a todos à medida que soa extremamente moderno ainda hoje”, opina.
No repertório tropicalista, Pato Fu toca Qualquer Bobagem, sucesso gravado em 1969, por Tom Zé, com o trio Arnaldo Baptista, Rita Lee e Sérgio Dias, e Ando Meio Desligado, sucesso dos Mutantes de 1970, regravado pela banda de Takai em 2001, no disco Ruído Rosa. Com dois novos integrantes a bordo, Glauco Mendes, na bateria, e Richard Neves, nos teclados, o grupo se diz ansioso para se encontrar com os brasilienses. “Será ótimo reencontrar a plateia brasiliense, que sempre nos prestigia, desde as primeiras turnês da banda em meados do anos 90”, comenta Fernanda.
Pedro Luis, líder da Plap, explica que a Tropicália foi importante porque foi além da música. “O movimento se alastrou não só pela estética musical, mas também pela provocação aos tabus vigentes, no desafio às regras de comportamento”, destaca. “Isso tudo influenciou de maneira definitiva o que a música virou de lá para cá”, conclui.
São várias as influências de Pedro Luis e a Parede. “Isso me faz sentir identificado não só com a Tropicália, como também com o conceito antropofágico que os abasteceu”. No repertório do show, o grupo formado no Rio apresenta Bat Macumba, gravado em 1968, por Gilberto Gil e Caetano Veloso, além de Alegria, Alegria, de Caetano.
Dose dupla
Pedro Luis e a Parede aproveita a oportunidade para comemorar, também, duas décadas de seu primeiro álbum, Astronauta Tupy. “De nossa parte, a comemoração vai fazer uma reverência especial às cinco décadas de Tropicália. Estamos ansioso para nos reencontrar com o público de Brasília, o qual não vemos há tempos”, finaliza Pedro.
Já amanhã, no mesmo festival, tem show da cantora Céu, que apresenta clássicos como Vapor Barato, de Jards Macalé e Waly Salomão, gravado por Gal Costa no LP Fa-tal, de 1971, e Nine Out of Ten, do disco Transa, gravado em 1972 por Caetano. Já o baiano e tropicalista Tom Zé promete relembrar sucessos de sua carreira e dos companheiros de movimento.
Os portões abrem às 16h, com o início dos shows previsto para às 18h, na área externa do Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Esportivos Sul). Ingressos a R$ 10 (meia-entrada). Informações: 3108-7600. Não recomendado para menores de 16 anos.
Shows 0800 e Cerrado em pauta
Um dos destaques musicais de sua geração, o cantor, compositor e percussionista pernambucano Otto apresenta amanhã, no palco do Cena Contemporânea, o repertório de seu mais recente álbum, Ottomatopeia, apontado como o mais maduro de sua carreira. No disco, ele apresenta composições autorais e canta sobre a tortura política, a África ancestral, o cenário social brasileiro, a contemporaneidade e o amor. No domingo, o mineiro Lô Borges apresenta a reconstituição de seu famoso disco Tênis, lançado em 1972. Os shows são gratuitos e acontecem na Praça do Museu da República (Eixo Monumental).
Também tem Virada do Cerrado neste fim de semana. Com o olhar voltado para a água, o evento acontece simultaneamente em 28 regiões administrativas. Ações socioambientais, educativas, esportivas e culturais integram todo o Distrito Federal em um grande movimento pela sustentabilidade. No domingo, a partir de 17h30, o Parque da Cidade é palco para Orquestra Sinfônica do Teatro Nacional Cláudio Santoro, Hamilton de Holanda e Ellen Oléria.
O brasiliense de criação Hamilton de Holanda promete uma bonita interação entre os artistas envolvidos. “O bandolim e a Orquestra Sinfônica dá uma boa combinação. É o tipo de apresentação para toda família, com emoção para todas as gerações”. O show tem entrada gratuita e classificação livre.