O renomado diretor Walter Salles Walter Salles, conhecido por obras marcantes como “Central do Brasil”, “Diários de Motocicleta” e “Na Estrada”, trouxe à tona o fantasma da ditadura militar brasileira em seu mais recente filme, “Ainda Estou Aqui”, que está em competição na 81.ª edição Festival de Veneza. O longa é uma profunda homenagem a Eunice Paiva, esposa de Rubens Paiva, engenheiro e político desaparecido em 1971, durante os anos sombrios da ditadura no Brasil.
O filme foi aplaudido por 9 minutos e 46 segundos pelo público presente na sessão de gala no último domingo (1).
Rubens Paiva, ex-deputado de esquerda, foi forçado ao exílio com a ascensão militar em 1964, mas retornou ao Brasil para continuar sua carreira como engenheiro, sem abandonar seus contatos na clandestinidade. Em janeiro de 1971, em meio à crescente repressão militar e à violência de grupos de extrema esquerda, Paiva foi preso em sua casa no Rio de Janeiro por homens armados e nunca mais foi visto.
Eunice, interpretada por Fernanda Torres na juventude e por sua mãe, Fernanda Montenegro, na velhice, também foi detida junto com uma de suas filhas e suportou 12 dias de interrogatórios. Determinada, ela nunca desistiu de procurar por seu marido, enquanto criava seus filhos e reconstruía sua vida como advogada.
O filme é baseado no livro escrito por Marcelo Rubens Paiva, filho do casal, que presta uma homenagem à mãe incansável. Mesmo diante de uma tragédia, Eunice nunca deixou de sorrir, mantendo uma postura firme diante da imprensa e da vida. Esse sorriso se manteve até o momento em que, 25 anos após o desaparecimento do marido, ela finalmente conseguiu a certidão de óbito oficial.
Confira o trailer: