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Cinema

Buster Keaton ganha maior retrospectiva já feita. Em cartaz no CCBB

Arquivo Geral

18/10/2018 13h44

Atualizada 20/10/2018 0h23

Divulgação

Beatriz Castilho
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Eternizado como o palhaço que não ri, título de um de seus filmes, Buster Keaton (1895 – 1966), vestindo a imparcialidade como expressão, marcou o cinema – e a comédia – mundial. Primevo do humor corporal, o americano lançou mão da arte lúdica para consagrar sua linguagem cinematográfica, iniciada em 1917. Ao todo foram 144 obras. Destas, 70 chegam estão em cartaz na capital. A seleção pode ser conferida em Buster Keaton – O Mundo É Um Circo, até dia 28 no Centro Cultural Banco do Brasil.

“A mostra tem um perfil panorâmico de representar um pouco de cada fase de sua carreira, desde o primeiro momento, em 1917, 1919”, adianta o curador Diogo Cavour, em entrevista ao Jornal de Brasília.

Assim, a extensa escolha de 70 títulos engloba 22 longas, 48 curtas e médias-metragens, além de 16 filmes em película 16mm. “Queríamos o desafio de trazer as películas porque seria importante. São filmes raros, restaurados, que trouxemos para simular a experiência da época. Para isso, teremos nas sessões acompanhamento de música ao vivo”, destaca.

A exibição, como colocado por Cavour, perpassa os diferentes momentos da carreira do artista. Nascido em 4 de outubro de 1895, no Kansas (EUA), Buster teve a arte como berço. Filho de atores circenses, herdou o humor dos pais. Iniciou na sétima arte como dupla de Roscoe “Fatty” Arbuckle, em O Menino Açougueiro (1917) – filme que inaugura hoje, às 16h, a programação em Brasília. Quatro anos depois, em 1921, conseguiu abrir o próprio estúdio, onde atuava, dirigia, produzia.

“Essa independência de conteúdo e linguagem fez o cinema dele algo único. Buster não inventou a comédia, mas foi quem melhor usou da linguagem de comédia visual”, afirma o curador.

Keaton seguia muitas linhas de trabalho. Além de acreditar que a realidade era a melhor maneira de fazer comédia – motivo para o fazer saltar, e cair, de um prédio para outro, e se afogar em um rio, por exemplo -, o comediante deu foco à construção narrativa, quebrando a então tendência de esquetes.

Cenário como protagonista
Outro fator importante foi colocar o cenário como protagonista, utilizando disso para construir a característica que o consagrou: a “cara de pedra”. “É como se os objetos em volta, o mundo, fossem componentes principais da cena. Ele se constrói reagindo à isso”, pontua Diogo. ”E esse personagem é impossível, não ri ou chora. É como se ele não soubesse o que está acontecendo”, completa.

Assim, o artista multifacetado fez do cinema silencioso sua era de ouro. Com o áudio chegando às telas, Keaton passou por dificuldades de adaptação, se encontrando em projetos mais alternativos – recheando o currículo com curtas. Para além dos altos e baixos da carreira, o cineasta reverbera sua assinatura por diferentes gerações da arte que abraçou. “Ele carrega uma coisa do nonsense, com umas piadas que seriam impossíveis de fazer. As influências vão de Wes Anderson a Monty Python”, resume o curador.

Curso, debate e master class
Além dos filmes, haverá cursos, oficinas e debates. Para Diogo, a programação é uma ótima maneira de dar visibilidade a Buster, de mostrar sua marca no cinema. “Ele é pouquíssimo conhecido das novas gerações, que se lembram apenas de Charlie Chaplin. O cinema é arte da modernidade, trazer Keaton é um elogio a empatia”, conclui.

Serviço
Até 28 de outubro, de terça a domingo
No Cinema do Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Esportivos Sul)
Ingressos: R$ 5 (meia-entrada)
Informações: 3108-7600
Para conferir a programação completa e as classificações indicativas, acesse bb.com.br/cultura.

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