Amanda Karolyne
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Seja a arte em tela, esculturas, pinturas, desenhos, gravuras, cerâmica, e tecelagem, as artes plásticas assumem muitas formas. No mês de maio, é celebrado o dia do artista plástico. O JBr conversou com alguns dos nomes da cena brasiliense das belas-artes.
Na tela e na pele
O trabalho de Felipe Bittar, 38, tem duas vertentes: a pintura em tela e a tatuagem. Em ambos os casos, ele usa o mesmo método para pintar, que envolve a aquarela e a arte abstrata.
“Eu considero, que a pintura na tela e as tattoos, sejam a mesma coisa. Trabalho com arte. São técnicas diferentes, com filtros diferentes, mas é a mesma coisa”, afirma.
Ao completar trinta anos, ele parou com tudo e com o desejo de aprender a tatuar. Foi quando vendeu seus equipamentos de fotografia e foi realizar seu sonho. “Comecei no impulso, mas eu senti essa necessidade de aprender”, destaca.
Em 2019 tudo mudou. Felipe fez uma viagem para a Europa, e lá ele se encontrou como artista de verdade. “Quando voltei, estava abrindo um estúdio e decidimos que íamos ter uma galeria de arte”, conta. Foi, então, que ele fez a primeira exposição, Olhares, com um retorno muito positivo e “muito bem aceito no nicho abstrato”.
Ao se descobrir como artista plástico independente, em paralelo, começava em uma nova vertente: o abstracionismo na tatuagem. “Vi ali a possibilidade de fazer na pele o que eu fazia na tela, por isso eu digo que não separo as coisas, só muda a tela estática, para a tela viva, a tela gente”, adiciona.
O imaginário e a observação
Quem também trabalha com aquarela é a artista plástica Isabela Couto, 36, que começou no departamento de artes da Universidade de Brasília (UnB).
Ainda no curso, ela começou a fazer desenhos relacionados à natureza, mas trabalhando com o imaginário, sem observação externa. “Eram formas minhas, que vinham da minha cabeça. Foi quando fiquei com vontade de treinar mais as questões de observação e fui parar na botânica”, afirma.
Atualmente, Isabela está com a exposição “Guardadora da Água” no Museu Nacional em Brasília, com 12 aquarelas, um caderno e dois vídeos.
O corpo feminino na arte de Clarice
A artista plástica Clarice Gonçalves, 36, conta que desde sempre foi uma pessoa quieta, introspectiva e observadora. Para ela, desenhar foi sempre uma forma de comunicar. “Não gostava quando eu desenhava das pessoas olharem, até mesmo na faculdade, eu relutava em mostrar alguns trabalhos”, revela.
A artista considera que a biologia humana, acaba definindo muito a forma que a gente existe na sociedade, e a sua arte vem muito de abordar isso. “Quando eu passei pelo processo da maternidade, foi muito forte e intenso”, afirma.“Meu trabalho vai se modificando a partir desses lugares, desses pontos de convergência e a partir do corpo”, finaliza.
Arte terapêutica
Fernanda Azou, 28, se apropriou do termo cinematográfico Gore, e acredita que sua carreira começou como uma forma de autoconhecimento, quase uma terapia para lidar com alguns problemas de saúde mental que a acompanham desde nova. “Hoje em dia construo pensamentos que vão para além do meu íntimo, mas que permeiam comportamentos de uma geração”, afirma.
A artista plástica se inspira muito em temas sobre psicanálise e a subjetividade do indivíduo, sempre para um lado mais abjeto da realidade. “Gosto de pensar que toco na ferida e o sentimento de ‘memento mori’ está sempre presente de alguma forma”.
De acordo com Fernanda, ela não vive somente de arte. “Tenho que fazer alguns trabalhos à parte para me sustentar, e durante a pandemia foi bem difícil arranjar um emprego e conciliar com a produção das obras”, relembra. Em 2021, a convite da editora Autofágica, ilustrou o livro Os Assassinatos na Rua Morgue de Edgar Allan Poe. “Foi uma parceria que me enriqueceu muito como artista, por ser um autor que admiro e por seus trabalhos literários terem um caráter mais sombria e onírica”, ressalta.