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Economia

‘Um teto sem paredes acaba caindo, e as paredes são as reformas’, diz Guedes

“Foi grito desesperado. Tanto que não há teto em países avançados onde as autoridades têm responsabilidade sobre os gastos”, completou Guedes

Redação Jornal de Brasília

01/09/2020 12h44

O ministro da Economia, Paulo Guedes, voltou a defender a importância da regra do teto de gastos como principal âncora fiscal do País, mas avaliou que o novo pacto federativo poderá tornar o teto “supérfluo” nos próximos anos. “Um teto sem paredes acaba caindo, e as paredes são as reformas econômicas. Tentamos fazer as reformas para que o teto não caia sobre a nossa cabeça. O problema é que o piso sobe, e estamos sendo comprimidos contra o teto. Ou travamos o piso, ou o teto quebrará em algum momento. A PEC do Pacto federativo é essa trava ao piso, desindexando, desobrigando e desvinculando o orçamento”, repetiu, em audiência pública na comissão mista do Congresso Nacional que acompanha a execução das medidas de enfrentamento à pandemia de covid-19.

Guedes lembrou que a emenda do teto de gastos foi aprovada em 2016 como o compromisso de controle dos gastos pelos 20 anos seguintes, impedindo o crescimento das despesas acima da inflação. “O teto é a promessa de seriedade onde não tínhamos seriedade. Foi grito desesperado. Tanto que não há teto em países avançados onde as autoridades têm responsabilidade sobre os gastos”, completou.

O ministro ressaltou ainda que a pandemia de covid-19 mostrou que é possível flexibilizar o teto quando existem motivos de força maior. O Congresso autorizou o governo a descumprir o teto em 2020 para enfrentar o novo coronavírus, por meio do chamado “orçamento de guerra”. “Os mercados compreenderam, porque não foi uma ação populista, ou uma irresponsabilidade fiscal. Após a pandemia temos que mandar sinal de que tudo volta ao normal com responsabilidade fiscal”, reforçou.

Pacto federativo

Guedes voltou a defender a aprovação da PEC do novo pacto federativo que, segundo ele, devolverá o controle do orçamento ao Congresso, desvinculando, desobrigando e desindexando a maior parte das despesas. Segundo ele, com a aprovação dessa reforma orçamentária, o teto se tornará supérfluo em alguns anos, ainda que hoje seja a única âncora fiscal que sobrou.

“Com o pacto federativo, em três ou quatro anos ninguém mais falará sobre o teto de gastos. Com o País crescendo a 3%, as receitas crescerão a 6% e será muito difícil criar crise, com uma expansão do gasto superior a isso. Hoje quem manda nos orçamentos públicos são grupos de interesses que indexaram tudo e a classe política não consegue decidir como usar os recursos”, concluiu o ministro.

 

Estadão Conteúdo

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