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Economia

Trabalho: desafios das mudanças que vieram para ficar

Para especialista, trabalhadores terão qualidade de vida melhor, mas precarização atingirá muitos setores

Redação Jornal de Brasília

24/08/2020 6h54

Hylda Cavalcanti
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A pandemia do novo coronavírus acelerou as transformações que vinham sendo feitas de forma mais lenta no mundo do trabalho. A necessidade de trabalho remoto deve continuar sendo uma realidade para a maior parte das pessoas, mesmo com a descoberta da vacina para a covid-19. E esse novo modelo terá como pontos positivos uma rotina mais humanista e com mais qualidade de vida. Mas haverá, por outro lado, mais precarização.

Isso exigirá do país a elaboração de políticas públicas que consigam garantir a estas pessoas o estado de bem estar social assegurado pela Constituição Federal e muito investimento em aperfeiçoamento profissional. O alerta foi feito esta semana por Luciano Maia, diretor da Regional Centro-Oeste da

Consultoria LHH, considerada uma das maiores consultorias de gestão de negócios do mundo, e especialista com mais de 30 anos de experiência na área.

Ele explicou que a transformação observada já vinha acontecendo no mundo inteiro e exigirá dos profissionais, cada vez mais, foco e disciplina para desenvolver o trabalho de casa, indo pouco ao ambiente físico da empresa ou repartição onde atue.

Ao mesmo tempo, o mundo terá pais e mães mais próximos dos filhos, economizando com creches, por exemplo. E com o tempo que antes era gasto em itinerários de ida e volta para o trabalho trocados pela prática de esportes, lazer, estudo ou para mais momentos ao lado da família.

Mas Maia destaca que, para que isso aconteça, é preciso que as pessoas se organizem nos seus horários, evitem ser dispersivas e, ao mesmo tempo, busquem sempre maior aprimoramento profissional.

“Teremos, cada vez mais, modelos completamente distintos de fazer negócio e de se relacionar”, afirma ele.

As empresas, por outro lado, também economizarão com energia, gastos com escritório e pagamento de auxílios transporte para os empregados.

Nem tudo são flores nesse novo normal, pois com o trabalho em casa, muita profissão vai deixar de existir nas classes menos qualificadas, como atividades de secretária e office boy, que já estão sofrendo queda, sem expectativa de voltarem a ficar em alta.

“As oportunidades que existirão para os que desenvolvem essas atividades tidas como mais presenciais serão mais independentes e insalubres, por isso é tão importante o aperfeiçoamento”, explicou.

Maia deu como exemplo serviços que já estão funcionando e absorvendo muitos destes profissionais hoje em dia, como empresas de transportes de valores e documentos por meio de aplicativos diversos. O problema é que é necessário debater o amplamente para que sejam discutidas e aprovadas novas legislações trabalhistas que contemplem estes trabalhadores.

Um outro exemplo que, segundo ele, começa a ser utilizado por algumas empresas de aplicativos de entrega é a contratação de um seguro de vida para os motoqueiros com quem trabalham, como forma de compensá-los em caso de algum acidente. “São fórmulas iniciais e isoladas, mas que podem começar a ser discutidas”, disse.

“Venda-se como um produto”

“Muitos trabalhadores, embora passem a se sentir com mais liberdade para realizar suas tarefas, passarão a ter atividades mais insalubres com menos garantias”, ressalta Luciano Maia. Para o especialista, um dos grandes problemas que é a qualificação profissional precisa ser levada a sério com afinco no país. E até hoje, tem sido uma solução que o Brasil não tem tido velocidade necessária.

“Países que investiram em qualificação e aperfeiçoamento profissional não apenas possuem um número de pessoas qualificadas como também possuem maior número de empreendedores. Esse governo tem que entender que dar dinheiro ao pobre resolve uma questão de fome, mas não uma questão estrutural que é oferecer condições para que se insira no mercado de trabalho”, afirmou.

Maia citou como pontos importantes para essa transição a importância de todo profissional buscar desenvolver o seu autoconhecimento, investir em planejamento, pesquisar o mercado onde atua, se capacitar, manter uma rede de networking (contatos) ativa e buscar ajuda profissional com profissionais de Recursos Humanos.“Estamos repletos de profissionais de RH no mercado”, lembra ele.

Outro ponto cuja relevância cita é o networking. “É importantíssimo. O profissional que quer se recolocar no mercado tem de ativar sua rede de contatos, se relacionar e aquecer esse relacionamento. Hoje, 55% das contratações são feitas a partir de indicações”, frisou.

“Por isso, jogue a vergonha de lado, prepare um bom currículo, sente e telefone para todo mundo que conhece e se ofereça para ir nos locais de trabalho tomar um café. Diga textualmente que está disponível no mercado e venda-se como um produto. Quem mais tem network ativo é sempre quem está entre os primeiros colocados no mercado”, ressaltou.

Dicas para o novo trabalho

Como planejar uma mudança na carreira

  1. Desenvolva o seu autoconhecimento
  2. Invista no planejamento
  3. Pesquise o mercado
  4. Foque no salário emocional (que acha que merece)
  5. Crie sua marca pessoal
  6. Invista em capacitação
  7. Mantenha sua rede de networking ativa
  8. Busque ajuda profissional

Como se apresentar ao mercado

  • Tenha sempre em mente que a conversa olho no olho sempre é mais importante do que o envio de e-mails e mensagens de Whatsapp. Você pode até enviar seu currículo desta forma, mas procure se apresentar presencialmente nos locais e deixe claro que está disponível para o mercado.
  • Procure um profissional de RH e busque preparar o seu currículo da melhor forma para que seja considerado apto para o mercado, tendo em mente o tipo de emprego e atividade que deseja ter.

Como será o novo modelo de trabalho

  • Organizações em todo o mundo estão continuamente transformando seus negócios para impulsionar o crescimento e a produtividade. Isso envolve mudar a estrutura, a cultura e os recursos da empresa — o que exige o gerenciamento cuidadoso da motivação, do engajamento e da marca de empregador para manter e atrair grandes talentos.
  • O desafio é como gerenciar a complexidade das pessoas e a mudança da força de trabalho, de forma rápida e consistente, para que seja possível atingir suas metas de crescimento e produtividade.

Saiba Mais

Luciano Maia é profissional com mais de 30 anos de carreira, com sólida experiência em Gestão de Negócios & Equipes e Vendas & Marketing, adquirida em empresas de telecomunicação, educação internacional, turismo jovem, publicidade, agronegócio e recursos humanos. Toda sua bagagem profissional e pessoal é hoje explorada como consultor de expansão comercial.

 

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