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Economia

Qual seria a taxa de juros para uma linha de crédito no valor de R$ 4,63 bilhões?

Uma resposta um tanto quanto intuitiva diria que a taxa Selic, hoje no valor de 2%, seria o melhor indexador para remunerar o credor que concedeu o empréstimo

Redação Jornal de Brasília

20/10/2020 13h16

Qual seria a taxa de juros para uma linha de crédito no valor de R$ 4,63 bilhões?

Qual seria a taxa de juros para uma linha de crédito no valor de R$ 4,63 bilhões?

Por Gilvan Bueno*

Essa conclusão decorre, sobretudo, por ser a Selic a principal referência da política de juros do país. Todavia, utilizar este raciocínio somente faz sentido quando pensamos em risco soberano, ou seja, quando o empréstimo é concedido a um país. Isso porque, nações possuem reservas econômicas e podem emitir dinheiro ou títulos para capturar recursos, garantindo a futura satisfação do crédito.

No entanto, taxas de juros mudam de acordo com quem busca o financiamento.

E se esse mesmo crédito fosse buscado por uma empresa, a lógica seria a mesma?

A depender das circunstâncias, uma empresa pode ter o risco de crédito maior quando comparado a um país e essa informação é considerada na precificação da taxa.

Neste exato momento, pensando que a empresa tem um excelente histórico de pagamento, poderemos utilizar uma taxa baixa para empresas conhecidas como triplo A, ou seja, empresas com excelente classificação de risco e com grau de investimento pelas agências de Rating, conforme gráfico abaixo:

Nesse cenário, podemos colocar a taxa em 10% ao ano!

Você também acha que pagar R$ 460 milhões em juros é algo assustador e que pode comprometer a existência de uma empresa?

Sim, eu também! Esse é um dos motivos pelos quais defendo e acredito no mercado de capitais, porque é possível encontrar soluções mais construtivas e econômicas no ponto de vista de captação de recursos.

Veja o que fez o Grupo Mateus, que é o quarto maior atacarejo do país, hoje com 137 lojas no Maranhão, Pará e Piauí e empregando mais de 20 mil pessoas.

Este grupo conseguiu captar os R$ 4,63 bilhões de reais sem pagar quaisquer juros por essa linha de crédito. Isso foi possível porque a empresa vendeu participação do seu negócio para novos investidores. Algo fantástico, concorda?

Por isso, sempre reitero que o Brasil tem que construir uma bolsa de valores com empresas de tecnologia, flexilibilizar a entrada de novas empresas no mercado de capitais pela redução de custos e exigências e permitir que empresas que estão dentro da instrução CVM 588 de equity crowdfunding, que disciplina as plataformas eletrônicas de investimentos participativos, possam acessar linhas de crédito utilizando o mercado acionário.

No final, precisamos construir um terreno fértil para a próxima geração que irá liderar o empreendedorismo nacional, pois se continuarmos a usar o mesmo modelo de negócios das gerações passadas, continuaremos presenciando um péssimo crescimento econômico e baixo PIB, além do alto desemprego.

* Gilvan Bueno – Especialista em finanças – CEO da Financier Educação

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