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Economia

Recursos liberados a bancos estão empossados no sistema financeiro, diz Guedes

Em live realizada neste sábado (4), o ministro da Economia, Paulo Guedes defendeu que o dinheiro deve sair de Brasília e “ir onde o povo está”

Redação Jornal de Brasília

04/04/2020 19h25

O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu neste sábado, 4, que os recursos liberados aos bancos para ampliar o crédito no País em meio à pandemia do novo coronavírus estão “empoçados no sistema financeiro”. “Começamos agora a dar dinheiro na veia, direto para as empresas”, afirmou em live com líderes do setor varejista. Guedes defendeu que o dinheiro deve sair de Brasília e “ir onde o povo está”.

Para isso, o ministro ressaltou que o governo deve aprofundar os programas propostos para garantir que o dinheiro chegue “na ponta”.

Ele ressaltou que o governo Bolsonaro está se preocupando primeiro com os mais vulneráveis em meio à crise. “Os R$ 98 bilhões do programa informais e microempresários são mais do que o orçamento discricionário de 2020”, afirmou na live.

O ministro defendeu ainda que a situação inédita pela qual passa o País está recebendo as devidas respostas por parte da equipe econômica, que também estaria tomando providências inéditas.

“Em pouco mais de três semanas, estamos com ajuda de mais de R$ 800 bilhões”, declarou Guedes. “Tínhamos programado transferir R$ 450 bilhões para Estados e municípios em oito anos. Transferimos o dobro disso em três semanas”, ressaltou.

Ele ponderou, também, que o Brasil já tem um déficit de 6% do PIB, “o que nunca havia acontecido”.

BNDES

O governo deseja subir a linha do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para oferecer crédito a empresas que faturam até R$ 300 milhões, segundo Guedes. Na live com os líderes varejistas, ele defendeu que as medidas de estímulo anunciadas em meio à crise trazida pelo novo coronavírus, como a redução no compulsório, agora terão de ser focadas no emprego e na ampliação do capital de giro das empresas.

Sobre a questão do emprego, o ministro defendeu que a economia deve ser reativada através do corte de impostos, especialmente aqueles que chamou de “disfuncionais”. “Atacando de frente o mais cruel imposto, o sobre emprego”, destacou Guedes.

Para ele, o Brasil deve resistir à tentação de fazer apenas um pequeno conserto, o que teria o potencial de destruir o futuro do País, assim como resistir a um “ativismo regulatório”, que seria natural, embora desaconselhável, em momentos de crise.

Como fez antes na mesma live, o ministro da Economia defendeu a atuação do Congresso na crise. “O Congresso quer ajudar. Eles estão envolvidos sobre como melhorar a situação do Brasil”, afirmou.

Antecipação de feriados

O ministro afirmou que o governo já autorizou a antecipação de feriados neste momento em que muitas cidades estão em isolamento social, e o comércio está fechado. A afirmação sobre essa hipótese foi feita assim que um empresário que participava da live fez tal sugestão.

Num primeiro momento, Guedes citou a possibilidade de antecipar todos os feriados para o período de quarentena e, depois, disse que isso já foi autorizado, sem detalhar.

“Depois desse período, o Brasil seria reaberto, poderíamos sair para trabalhar”, afirmou. “Já estamos passando os sábados e os domingos ‘juntos’. Nós vamos precisar disso, do comércio funcionando nos feriados quando essa fase passar, até do ponto de vista de uma ressurreição espiritual”, afirmou o ministro.

Guedes disse que todos precisam ter resiliência neste momento e que, se o dinheiro não está chegando à ponta final, algo está acontecendo e tem de ser solucionado.

Pediu aos empresários que comuniquem ao governo se estiver ocorrendo. “Se não está chegando, precisamos conversar para calibrarmos e sabermos o porquê não está chegando. Esses R$ 600 vão chegar. Vamos usar aplicativos para que isso chegue, o que dará um empurrão ao comércio. Haverá um poder de compra nunca visto antes. O que estamos fazendo é desburocratizar o acesso ao crédito, radicalizar o microcrédito”, disse.

Equipe econômica ainda não fez tudo o que precisa ser feito

Paulo Guedes ainda afirmou que a equipe econômica não fez tudo que precisa ser feito. Se for necessário, serão liberados mais recursos, trilhões. “Vamos liberar mais dinheiro se for o caso”, afirmou.

Ele disse que em pouco mais de três semanas, ajuda será de mais de R$ 800 bilhões

Para o ministro, é importante erradicar a cultura da moratória e, quem tiver dificuldade, o governo rolará a dívida. “Ainda não se fez tudo sobre pacote contra a crise”, disse, sem detalhar o que mais poderia ser feito.

De acordo com Guedes, o governo quer atacar os impostos e tem como atingir isso na “veia”.

Segundo ele, o principal imposto a ser atacado é o que incide sobre a folha de pagamentos. “É o mais cruel dos impostos, a arma da destruição em massa de empregos, que colocou milhões na informalidade”, afirmou.

Disse que agora a conversa diz respeito à saúde, mas que, depois, será a economia, as reformas. “O Brasil vai atravessar essa segunda onda desemprego”, comentou.

Estadão Conteúdo

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