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Economia

Otimismo com reforma da Previdência leva Ibovespa a novo recorde

O Ibovespa já iniciou os negócios em alta e correu rapidamente para a marca dos 105 mil pontos, em uma resposta ao início da apreciação da reforma ontem na Câmara

Aline Rocha

10/07/2019 18h38

Atualizada 12/07/2019 7h29

Foto: Reprodução

Os investidores celebraram a possibilidade de aprovação da reforma da Previdência ainda hoje em primeiro turno no plenário da Câmara levando o Ibovespa a emendar o quinto pregão seguido de alta e bater um novo recorde de pontuação. Com máxima de 106 650,12 mil pontos, atingida ainda na primeira etapa de negócios, o índice encerrou a sessão desta quarta-feira, 10, em alta de 1,23%, aos 105.817,06 pontos, em pregão de volume negociado robusto, de R$ 23,23 bilhões. Após encerrar o mês passado com valorização de 4,06%, o índice acumula alta de 4,80% nos sete primeiros pregões de julho.

O Ibovespa já iniciou os negócios em alta e correu rapidamente para a marca dos 105 mil pontos, em uma resposta ao início da apreciação da reforma ontem na Câmara, quando a B3 estava fechada por conta do feriado da Revolução Constitucionalista de 1932 em São Paulo. Ao otimismo com a Previdência somou-se, ainda pela manhã, o aumento das apostas de que corte de juros nos EUA no fim deste mês, após declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) no Congresso americano, o que levou as bolsa americanas a baterem recordes intraday.

A despeito de o Ibovespa já ter avançado 20,40% em 2019 e 41,35% em 12 meses, analistas ouvidos pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, acreditam que, embora possa haver movimentos pontuais de realização de lucros, o Ibovespa tende a buscar novos recordes no curto prazo, caso a reforma da Previdência seja, de fato, aprovada sem grande diluição em dois turnos na Câmara antes do início do recesso parlamentar, em 18 de julho.

Não bastasse o ambiente externo favorável a ativos de risco, com possibilidade de juros menores nos EUA, há a chance de retomada do crescimento da economia brasileira, o que se refletiria no lucro das empresas.

O analista da Coinvalores Felipe Silveira ressalta que, com a aprovação da Previdência na Câmara antes do recesso, é grande a chance de o Comitê de Política Monetária (Copom) iniciar um ciclo de corte da Selic, hoje em 6,50% ao ano, já na reunião deste mês (30 e 31).

“A inflação está sob controle, a atividade fraca e o cenário externo melhor. Tudo leva a crer em um corte de juros, o que anima os investidores a buscar a bolsa”, afirma Silveira, lembrando que o governo Jair Bolsonaro já sinalizou com o anúncio de medidas de estímulo à economia após a aprovação da reforma. “A lucratividade das empresas ainda está baixa. Com a retomada da economia e do mercado de trabalho, vai haver um grande impacto nos resultados. Uma parte disso já foi antecipada, mas ainda tem espaço para subir nos próximos meses”, acrescenta Silveira.

O analista da Ativa Investimentos Ilan Arbetman vê a possibilidade de que o Ibovespa busque os 108 mil pontos nos últimos dias, especialmente se for confirmada a aprovação da Previdência em primeiro turno hoje e em segundo turno antes do recesso parlamentar. “Se houver esse clima positivo para reformas no cenário político nacional, podemos ver esse movimento de alta se sustentar”, diz.

Arbetman destaca que dois setores relevantes para o Ibovespa – commodities e varejo – têm perspectivas positivas. Lá fora, a tendência é de valorização do minério de ferro e sustentação dos preços do petróleo. Por aqui, já se conta com juros menores e estímulos à demanda. “Esse conjunto de fatores faz com que a perspectiva para a bolsa brasileira se mantenha positiva”, afirma.

Dólar fecha no menor valor desde 28 de fevereiro 

O dólar operou o dia todo em queda e fechou na menor cotação desde 28 de fevereiro, quando terminou em R$ 3,7535. Otimismo com a reforma da Previdência, que pode ser aprovada hoje no plenário da Câmara em primeiro turno, e a sinalização do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) de que está pronto para cortar os juros na maior economia do mundo, levaram os investidores a vender a moeda americana. O dólar à vista encerrou a quarta-feira em R$ 3,7568, em queda de 0,77%, o terceiro maior recuo em uma lista de 34 moedas internacionais.

Operadores veem chance de quedas adicionais do dólar se o texto-base for aprovado na noite desta quarta-feira. “Se a aprovação vier hoje à noite, a moeda abre amanhã ainda mais para baixo”, destaca o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. A dúvida, porém, é para quanto a moeda pode recuar. Ele acredita que se a Previdência seguir avançando e outras reformas também caminharem, como a tributária, a moeda americana pode cair para a casa dos R$ 3,50.

O economista-chefe para América Latina do ING, Gustavo Rangel, vê a moeda americana mais perto dos R$ 3,60 em um cenário com as reformas aprovadas do que dos R$ 3,40. “O real deve ter um rali, mas de extensão limitada.” Uma das razões é que a aprovação deve levar o Banco Central a cortar os juros, em um ciclo que pode chegar a 150 pontos-base, o que reduz a atratividade internacional do real e estimula ainda mais o uso da moeda brasileira como hedge para outras operações, movimento que já vem acontecendo nas últimas semanas.

Operadores destacam que o real já vem mostrando um “atraso” em relação a outros ativos, como o Ibovespa, que hoje chegou a superar os inéditos 106 mil pontos, e os juros futuros, com as taxas em queda há várias semanas. O gestor de investimentos da Western Asset, Adauto Lima, observa que a reação mais lenta do câmbio pode ser reflexo da busca da moeda brasileira por hedge pelos investidores, além da forte saída de recursos de estrangeiros em junho. Lima ressalta que a perspectiva de aprovação de uma reforma da Previdência com economia fiscal importante e as sinalizações de corte de juros nos EUA estão por trás do otimismo dos agentes.

No mercado internacional, o dólar operou em queda generalizada, tanto ante divisas de países desenvolvidos, como o euro e a libra, como ante moedas emergentes. Tanto o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, no Congresso, como a ata da última reunião de política monetária dos dirigentes da instituição, sinalizaram corte de juros em breve.

Estadão Conteúdo

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