Por Roberto Figueiredo Guimarães
Ex-Secretário do Tesouro Nacional
O comercio desabou no Brasil nesta quarentena. As famílias consomem menos, seja pela falta de dinheiro seja pelo isolamento social. Segundo o IBGE, somente a venda de produtos farmacêuticos, alimentícios e bebidas estão crescendo em 2020. Se considerarmos o período mais recente, apenas alimentos e bebidas apresentam resultado positivo quando comparado com 2019.
É inegável que as medidas de sustentação de renda aos mais desfavorecidos adotadas pelo governo estão tendo um papel importante na economia. O valor de R$ 600,00 entregue a milhões de pessoas, que é sabidamente baixo individualmente, vai direto para o consumo essencial das famílias. E o essencial é a alimentação.
Embora a renda disponível das famílias esteja menor em comparação ao período pré-pandemia, os recursos decorrentes da economia com transporte, lazer, vestuário, eletrodomésticos, automóveis, etc., também estão sendo direcionados para o consumo de alimentos e bebidas. E, em função das restrições de mobilidade, esta renda está sendo gasta em pequenos supermercados de bairro, o que tem deixado o dinheiro circulando na própria comunidade.
Agora, com o início da flexibilização do isolamento social, os pequenos comerciantes vão encontrar dificuldades para abrir seus negócios, em função da falta capital de giro, uma vez que a ajuda oficial não tem chegado a eles.
Enquanto ela não chega, a solução pode vir da própria cadeia de suprimentos. Um fornecedor de bebidas e alimentos, por exemplo, pode conceder mais prazo para o pequeno comerciante de um bar ou restaurante e até ajuda-lo neste início com um aporte financeiro a ser descontado em diversas parcelas. O risco é baixo, pois ambos se conhecem desde o período pré-pandemia Com isto, renasce o círculo virtuoso da demanda nos pequenos negócios, num jogo de ganha-ganha.
