Menu
Economia

Número de famílias endividadas cresce, mas CNC acha positivo

Segundo a Peic, o porcentual de famílias com dívidas aumentou 0,5 ponto em dezembro ante novembro de 2019, para 65,6%, maior patamar da série

Redação Jornal de Brasília

10/01/2020 15h57

Foto: Agência Brasil

O nível recorde do porcentual de famílias com dívidas, registrado em dezembro pela Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada na quinta, 9, pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), foi impulsionado pelos níveis historicamente baixos dos juros e sinaliza uma recuperação da economia via consumo. A análise é de Marianne Hanson, economista da CNC, que agora espera um avanço do crédito impulsionado por emprego e renda.

Segundo a Peic, o porcentual de famílias com dívidas aumentou 0,5 ponto em dezembro ante novembro de 2019, para 65,6%, maior patamar da série histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 2010. Embora possa sinalizar para um excesso de endividamento, a leitura da Peic de dezembro é positiva porque os níveis de inadimplência se mantiveram comportados e o comprometimento médio da renda com dívidas não cresceu significativamente, disse Hanson.

Apesar dos spreads elevados, a queda histórica dos juros – a taxa básica Selic atingiu 4,5% ao ano em 11 de dezembro, menor nível da história – se refletiu em reduções nas taxas em todas as modalidades de crédito, lembrou a economista da CNC. Isso tem impulsionado o crescimento das concessões de crédito e o alongamento dos prazos, reduzindo o valor médio das prestações, especialmente na compra de bens duráveis.

“Há uma demanda reprimida por bens duráveis. As famílias adiaram a troca do carro ou a compra da geladeira”, afirmou Hanson.

O fato de os níveis de inadimplência terem se mantido comportados é um sinal de que a expansão do crédito, com o maior endividamento das famílias, está sendo direcionada para o consumo.

O porcentual de famílias com contas ou dívidas em atraso subiu de 22,8% em dezembro de 2018 para 24,5% em dezembro, mas o avanço foi menos intenso do que o visto no endividamento – a proporção de 65,6% de famílias com dívidas é 5,8 pontos superior aos 59,8% de dezembro de 2018.

Hanson lembrou que a recuperação da economia, ainda que lenta, tem sido puxada pelo consumo das famílias e o ritmo da expansão do crédito tem sido superior ao crescimento da renda. Isso é um sinal de que a alta do endividamento das famílias foi puxada pela queda histórica dos juros, mas o processo pode estar chegando ao fim, já que a maioria dos economistas e analistas veem o ciclo de baixa da Selic perto do fim.

Estadão Conteúdo

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado