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Economia

Montezano vê reduação da carteira de ações do BNDES em até três anos

Pelas novas regras, o limite de VaR, hoje em R$ 5,6 bilhões por dia, passará a R$ 600 milhões por dia

Aline Rocha

14/11/2019 14h48

Da Redação
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O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou que as mudanças na política de mercado de capitais da instituição de fomento exigirá que, em três anos, “boa parte” da carteira de ações tenha de ser vendida. Essa redução poderá chegar a 80%, disse o executivo.

Três anos é o prazo máximo para o BNDES reduzir o limite de VaR (“variation at risk”, indicador que mede a volatilidade diária de uma carteira de ações) da carteira, conforme a nova política, anunciada semana passada. Pelas novas regras, o limite de VaR, hoje em R$ 5,6 bilhões por dia, passará a R$ 600 milhões por dia

Para chegar à estimativa de redução de até 80% no tamanho da carteira – avaliada em R$ 106,047 bilhões no encerramento do terceiro trimestre -, Montezano partiu do VaR atualmente observado nas participações acionárias do banco, em torno de R$ 3 bilhões.

A redução para R$ 600 milhões de VaR é de 80% e teria que ser observada na mesma magnitude no valor total da carteira, tudo o mais constante, disse Montezano, ponderando, porém, que são muita s as variáveis, como o nível de volatilidade, a correlação entre a composição da carteira e a volatilidade e o nível da taxa de juros.

O presidente do BNDES evitou fazer comentários sobre participações específicas. “Já aprovamos em conselho que temos que reduzir bastante nosso risco de ações. Em até três anos, preciso me desfazer de boa parte dessa carteira”, afirmou Montezano, ao ser questionado sobre a intenção de vender pelo menos parte da fatia no frigorífico JBS, como publicado na imprensa nesta semana.

Segundo Montezano, o BNDES tem conversado com bancos de investimento e investidores sobre estratégias para vender as participações. Além disso, as vendas serão feitas da forma mais “soft” possível, dado o tamanho das participações. “A gente não pode fazer qualquer tipo de comentário em relação a estratégia de venda de qualquer ação”, afirmou o executivo.

Questionado se a estratégia será vender os papéis no dia-a-dia da Bolsa ou em ofertas públicas, o presidente do BNDES ressaltou que as alienações podem ser pela “mesa de operações” do banco, em bloco ou em ofertas. “De forma conceitual, quanto maior sua posição, mais você tende para a oferta, quanto menor, mais se tende pra bolsa”, afirmou Montezano.

Montezano diz que não vê problemas na redução dos repasses do FAT

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Gustavo Montezano, afirmou não ver problemas na redução dos repasses do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) para a instituição de fomento. Pela Constituição, 40% da receita anual vai para o funding do BNDES, mas o conjunto de propostas de reformas anunciadas pelo governo federal na semana passada prevê uma redução nesse montante.

“O valor de um banco não é medido pelo passivo”, afirmou Montezano, ao comentar os resultados financeiro do terceiro trimestre. O executivo citou a capacidade de atender clientes e a expertise na alocação de recursos como aspectos mais importante na avaliação de uma instituição financeira.

Segundo Montezano, o passivo, ou seja, as fontes de recursos captados pelo banco, é apenas uma variável da operação bancária. Para o presidente do BNDES, a decisão sobre o destino dos recursos do FAT cabe ao governo e ao Congresso Nacional. O executivo frisou ainda que as linhas de funding podem ser substituídas e que o BNDES possui em torno de R$ 130 bilhões em caixa.

Apesar do caixa robusto, Montezano evitou fazer estimativas sobre o quanto o BNDES poderá devolver antecipadamente da dívida com o Tesouro em 2020. Já estão previstos em torno de R$ 26 bilhões, conforme cronograma firmado no fim de 2018, mas o Ministério da Economia quer mais. Este ano, as devoluções extraordinárias ficaram em R$ 100 bilhões, além dos R$ 26 bilhões já previstos.

Segundo Montezano, a capacidade de devolução está sendo estudada pelo banco no âmbito do planejamento trienal do BNDES. A previsão é que esse planejamento, com o valor da devolução, seja anunciado na segunda ou terceira semana de dezembro.

Os diretores do BNDES informaram também que todas as operações do banco com a Odebrecht já foram provisionadas, num total de R$ 8 bilhões, como disse a diretora Financeira, Bianca Nasser.



Estadão Conteúdo

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