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Economia

Mais tempo em casa requer consumo consciente, dizem especialistas

O 15 de outubro é também para reflexão para o consumo consciente. Por causa da pandemia, especialistas dizem que as pessoas se atrapalham

Agência UniCeub

15/10/2020 19h02

Phygital Marketing

Julia Morena
Jornal de Brasília/Agência UniCeub

Este 15 de outubro é momento de reflexão para o “Dia do Consumo Consciente”. Esta data foi instituída pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), no Brasil, para conscientizar a população sobre os problemas socioambientais que os padrões atuais de produção e consumo estão causando ao planeta Terra e aos próprios seres humanos. Para especialistas, os dias de isolamento social por conta da pandemia devem formar um momento propício para repensar os padrões de consumo desnecessários.

Segundo pesquisa da CNI (Confederação Nacional da Indústria), 53% dos brasileiros estão endividados, e 28% contraíram as dívidas após o início do isolamento social. Diante disso, de cada 4 brasileiros, 3 vão manter o nível de consumo reduzido após a pandemia.

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Pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) citou dados do serviço de georreferenciamento do Google, mostrando uma queda de 71% da circulação de consumidores no varejo de rua, shoppings, livrarias e cinemas. Em outro estudo, 78% dos entrevistados disseram que buscam sair de casa somente para o necessário. Além do panorama econômico, esse momento pode indicar uma ressignificação dos padrões de consumo dos brasileiros. Apenas 24% dos brasileiros praticam o consumo consciente, segundo o Instituto Akatu, em 2018. 

Bruno Yamanaka, analista de metodologias do Instituto Akatu, Organização Não Governamental que trabalha pela conscientização social do consumo consciente, diz que, como a maior parte das pessoas está passando mais tempo dentro de casa, houve um aumento do uso de água, de energia elétrica e também na geração de resíduos.

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“Então não há um momento melhor para as pessoas começarem a mudar esses comportamentos dentro de casa”, afirma Bruno.

Bruno aponta algumas dicas de fácil adesão: ”Aproveitar ao máximo de luz solar para iluminação, retirar os aparelhos da tomada quando não estiverem sendo usados, pois eles consomem energia mesmo desligados, fechar a torneira ao escovar os dentes e ensaboar as louças e aproveitar a água usada da máquina de lavar roupas”. Segundo Bruno, são simples dicas que, ao longo prazo, fazem grande diferença nas contas da casa e no meio ambiente. 

No cenário de pandemia, no qual as pessoas fazem grandes compras para evitarem frequentes idas ao supermercado, Bruno aponta a importância do planejamento das compras. ”Além das pessoas não comprarem em excesso, evitando que as pessoas fiquem tentadas a possíveis promoções de produtos desnecessários, elas acabam comprando apenas o que precisam e vão se deslocar menos”. Ele também explica que é necessário refletir a respeito da quantidade de resíduos usados e qual a melhor forma de reduzí-los, reutilizá-los e reciclá-los.

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

“A gente pode dizer que, entre as muitas mudanças que estão acontecendo é possível que algumas perdurem. Uma tendência forte que está acontecendo é o home office, o trabalho remoto. A gente tem visto que as empresas estão adotando cada vez mais e isso tem dado muitos bons resultados. O trabalhor não tem que se deslocar até o trabalho, ou seja, ele vai reduzir gasto de transporte e, ao mesmo tempo, reduzir suas emissões”.

Outros pontos de vista proporcionados pela pandemia são: o estilo de vida de consumir  entre as pessoas. ”As pessoas estão vendo que o que elas fazem afeta os outros e o que os outros fazem afeta elas também, e essa visão pode ser associadacom uma economia compartilhada, ou seja os interesses estão relacionados”, explica o analista. 

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Mudança de consumo?

Segundo a socióloga Carolina González, a pandemia foi um evento inesperado que alterou os padrões de consumo da sociedade, como por exemplo o baixo consumo de produtos locomotivos, mas que não necessariamente causará uma mudança de hábitos socioambientais.

”Não se tem feito campanhas de conscientização neste sentido. Mas, o que se tem feito é um discurso da retomada da economia, o que significa voltar aos padrões anteriores de consumo”, explica a socióloga. Carolina ressalta o cuidado ”uma vez que a pandemia esteja solucionada, os padrões de consumo tendem a voltar ao que eram, e com uma voracidade ainda maior, porque a pandemia terá um impacto econômico muito grande e será preciso reequilibrar a economia”. Neste caso, a socióloga alerta para o consumismo compulsivo. 

Consumo impulsivo é um tipo de desequilíbrio, diz psicóloga

Segundo a psicóloga, Lara Ubelina, o consumismo, comportamento de comprar excessivamente, depende do marketing, da pressão social e do nível socioeconômico ao qual o indivíduo pertence, assim como do aprendizado emocional relacionado ao ato de consumismo compulsivo, que se relaciona a  um desequilíbio emocional.

”Temos necessidades básicas e outras que foram aprendidas. Quando somos privados do que necessitamos, o valor do que não temos é aumentado. O marketing utiliza de pareamento de produtos que não precisamos com estímulos referentes às nossas necessidades básicas, como afeto, companhia, sexo e aceitação social, nos  induzindo  a comprar com a falsa promessa de satisfação dessas necessidades”. 

Dessa forma, o consumismo é uma forma de compensação de alguma área descompensada emocionalmente. ”O consumo traz como consequência um grau de satisfação e alívio da sensação de falta, porém essa satisfação é passageira, uma vez que o vazio do que não se possui perpetua, assim a procura por mais consumo para tentar preencher esse vazio pode se tornar cada vez maior e de forma compulsiva”.

A respeito dos hábitos de consumo durante a pandemia, a psicóloga exemplifica que é preciso a fazer um planejamento das compras devido às restrições ao acesso de produtos na compra presencial, assim como restrições financeiras.

Entretanto a exposição ao mercado digital favorece mais as compras onlines, que são facilitadas pelos cliques que diminuem o tempo de decisão sobre a compra, o que pode favorecer um gatilho para aqueles que já tinham um comportamento de consumir de maneira exagerada e impensada.

Estratégias

Para aqueles que mantêm o consumo compulsivo ainda que no digital, Lara compartilha algumas estratégias: ”Reduzir o acesso aos sites de compra, não deixar salvo o número do cartão para aumentar o tempo de decisão da compra, refazer o planejamento financeiro para verificar as verdadeiras necessidades, pedir ajuda das pessoas para o controle financeiro, realizar práticas de relaxamento ou outras atividades que garantem o seu bem-estar para além das telas e também fazer terapia”. 

A psicóloga também ressalta a importância de fazer uso de terapias, que podem ampliar o autoconhecimento e ainda  auxiliar a organizar mudanças comportamentais de pessoas que praticam o consumismo.

”O autoconhecimento tanto do comportamento emocional como o de agir em busca de compensações das faltas sentidas, auxilia no questionamento das necessidades de consumo e da adequação das emoções frente às necessidades aprendidas, podendo assim criar um repertório comportamental de contracontroles para  diminuir ações rumo a distrações das dores com o consumismo, e criar também novos repertórios para acessar o que é de real necessidade”, aconselha a profissional.

 

 

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