O dólar subiu de forma generalizada no mercado financeiro mundial, atingindo os níveis mais altos em dois meses perante algumas moedas, como o euro, a libra e o dólar canadense. No câmbio, o “dólar foi o único vencedor”, comentam os estrategistas de mercados do Swissquote Bank.
No Brasil, a sexta-feira foi novo dia de alta, com o dólar à vista encerrando em R$ 5,5553, com valorização de 0,81%. No mercado futuro, o dólar para outubro era negociado com ganho de 0,87%, a R$ 5,5585 às 17h.
Entre as seis moedas de países emergentes com pior desempenho no mercado financeiro mundial nesta semana, três são da América Latina: peso mexicano, real e peso colombiano. “A recente queda no apetite por risco do investidor mundial, por causa do temor de uma segunda onda de covid e da redução da chance de suporte fiscal adicional nos EUA, colocou as moedas da América Latina na linha de fogo”, comenta o economista para a região da consultoria inglesa Capital Economics, Nikhil Sanghani.
O “drama fiscal” também está contribuindo para a depreciação do real, destaca Sanghani. Se por um lado as contas externas do Brasil têm mostrado nítida melhora, as fiscais estão entre as piores dos emergentes. Com isso, no ano, o dólar acumula alta de 38% no Brasil, enquanto sobe 29% na Turquia, 22% na África do Sul e 15% no México. A Capital Economics prevê o dólar acima de R$ 5,00 no Brasil ao menos até o final de 2022.
Hoje a volta da discussão de um imposto sobre transação financeira para financiar programas sociais causou desconforto entre os participantes do mercado. Para fazer um novo programa assistencial no Brasil, o governo tem de cortar outras despesas e não aumentar imposto, disse o diretor executivo da Instituição Fiscal Independente do Senado Federal (IFI), Felipe Salto, em evento virtual do Insper, onde não faltaram críticas à política fiscal brasileira.