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Economia

Dólar sobe 0,970% e vai ao recorde de R$ 5,873 com vídeo de Moro e Bolsonaro

A moeda americana, que operou boa parte do pregão em queda, passou a subir por volta das 15h, com a repercussão do vídeo

Redação Jornal de Brasília

12/05/2020 17h43

Dólar

Billie dollar. money background

Júlia Moura
São Paulo

A exibição do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril do governo de Jair Bolsonaro, ainda sob sigilo, na Polícia Federal em Brasília levou o dólar a um novo recorde nominal (sem contar a inflação) nesta terça-feira (12).

A moeda americana, que operou boa parte do pregão em queda, passou a subir por volta das 15h, com a repercussão do vídeo, e fechou em alta de 0,970%, a R$ 5,873, segundo cotação da CMA. O turismo está a R$ 6,012.

Dentre emergentes, o real foi a moeda emergente que mais perdeu valor na sessão, na qual o dólar chegou a R$ 5,8870 na máxima. No ano, a divisa brasileira é a que mais se desvaloriza no mundo ante o dólar, que acumula alta de 46% no Brasil.

Em termos reais (corrigidos pela inflação), porém, a moeda não supera a sua máxima de 2002. Naquele ano, entre o primeiro e o segundo turno das eleições que levaram Lula à Presidência, a moeda dos EUA foi ao recorde de R$ 4,00 durante o pregão – fechou a R$ 3,99. Hoje, corrigido pela inflação brasileira e americana, esse valor equivale a cerca de R$ 7,86.

Em depoimento à PF, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro afirmou que, na reunião ministerial, da qual participaram ministros e o presidente, Bolsonaro cobrou a substituição do superintendente do Rio e do então diretor-geral da polícia, Maurício Valeixo, além de relatórios de inteligência e informação da corporação.

Segundo a defesa de Moro, a gravação confirma “integralmente” as declarações dele sobre as interferências do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

De acordo com pessoas que tiveram acesso à gravação, o presidente vinculou a mudança do superintendente a uma proteção de sua família e teria afirmado que os familiares estariam sendo perseguidos.

Bolsonaro também teria dito que não poderia ser surpreendido com informações da PF e que então trocaria, se fosse necessário, o comando da PF e até o ministro da Justiça, na ocasião, Sergio Moro.

A defesa de Moro pediu que o vídeo seja levado a público, o que depende do ministro Celso de Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Na segunda (11), Bolsonaro defendeu que tornar público toda a gravação não seria adequado porque teriam sido tratados assuntos sensíveis no encontro.

O temor do Executivo é que o vídeo gere uma crise institucional. Além das possíveis intimidações a Moro, ministros presentes teriam feito duras críticas ao Supremo ao Congresso.

“A efervescência política contaminou o mercado mais uma vez. A sessão se mostrava de relativa estabilidade, até o surgimento da possibilidade de revelação de novo evento político. O agravamento do clima beligerante entre os Poderes aumenta o risco no Brasil”, diz Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos.

A Bolsa brasileira, que chegou a subir 1,60% no pregão, fechou em queda de 1,51%, a 77.871 pontos.

A desvalorização não foi maior pela estabilidade, a R$ 18,14, das ações preferenciais (mais negociadas) da Petrobras, impulsionadas pela alta do petróleo. O barril de Brent sobe 1%, a US$ 29,95.

Nos Estados Unidos, as Bolsas fecharam em queda após Anthony Fauci, especialista em doenças infecciosas renomado dos Estados Unidos e membro da força-tarefa anticoronavírus de Donald Trump, alertar o Congresso que uma suspensão prematura dos isolamentos pode provocar surtos adicionais do coronavírus.
Dow Jones caiu 1,89%, S&P 500, 2,05% e Nasdaq, 2,06%.

Segundo Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas, os estados americanos deveriam seguir as recomendações dos especialistas de saúde para esperar sinais, como um declínio no número de infecções novas, antes de reabrirem.

O presidente Trump vem incentivando a reabertura de setores importantes da economia. Também contribuiu para o viés negativo a proposta do senador republicano Lindsey Graham de autorizar o presidente Trump a impor sanções a China, caso o país não forneça um relato completo dos eventos que levaram ao surgimento do novo coronavírus.

O senador, um aliado próximo do presidente Donald Trump, disse estar convencido de que, se não fosse por “engano” pelo Partido Comunista Chinês, o vírus não estaria nos EUA, onde já matou mais de 80.000 americanos.

As informações são da FolhaPress

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