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Economia

Comerciantes barram reajuste do gás de cozinha, mas um novo virá no próximo mês

Arquivo Geral

24/09/2018 16h59

Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

Raphaella Sconetto
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O que se vê nesta segunda-feira (24), na expectativa de ser primeiro dia de reajuste de 3,9% do Gás Liquefeito do Petróleo (GLP),  foi a estagnação dos preços. Donos de depósitos do gás de cozinha optaram por manter os valores antigos para não perder os clientes. A boa notícia, porém, não vai durar muito. A previsão é de que no próximo mês a Petrobras repasse mais um reajuste, e este não será possível segurar.

Para Sérgio Costa, presidente Sindicato das Empresas Transportadoras e Revendedoras de GLP (Sindvargas), a atitude do empresariado se deve ao livre mercado. “Cada empresário deve estar fazendo análises dos custos”, comenta. “Estamos no final de mês, então as vendas ficam desaquecidas, caem. Alguns optaram por segurar esse reajuste por conta disso”, completa.

Assim foi o caso de uma distribuidora que fica no Cruzeiro. O dono do estabelecimento, Leosmar Moreira, manteve os preços antigos. “Não repassamos ao consumidor final. O nosso lucro depende de venda direta ao consumidor. A cada aumento que repassamos ao cliente, diminuímos nossas vendas. Assumimos o prejuízo. Estamos com o lucro mínimo só para garantir as vendas”, destaca.

Para as contas do mês fecharem, o dono do depósito de gás conta que precisou fazer mudanças. “Tive que diminuir o quadro de funcionários e até negociar o valor do aluguel. Mas o impacto maior, com certeza, foi o pessoal”, aponta. No local, consumidores podem comprar o botijão de 13 kg por R$ 85 ou R$ 90 com o preço do frete.

Leosmar Moreira optou por não repassar o último reajuste aos consumidores. Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

Outra distribuidora que não apresentou aumento foi a Belo Gás, localizada no Guará. Na semana passada, o Jornal de Brasília esteve no local e, ali, o preço era de R$ 70. Nesta segunda-feira (24), o valor era o mesmo. Funcionários comentaram que a previsão é permanecer assim, já que as vendas vinham em queda desde a greve dos caminhoneiros.

Por outro lado, uma revenda no Núcleo Bandeirante repassou o reajuste para os clientes que são comerciantes. “Como vendemos muito para empresários e eles conseguem desconto, aumentamos os valores para eles. Antes, eles compravam por R$ 50 a R$ 55. Agora, vamos vender por R$ 60”, afirma uma funcionária, que não quis se identificar. Para donas de casa, os valores são de R$ 70 para quem compra no local e R$ 75 para quem prefere a entrega – mesmo valor que era na semana passada.

No Guará, a distribuidora da Ultragaz também não aumentou os preços. Rayra Paiva Franco/Jornal de Brasília

Reajuste na Petrobras

Apesar do congelamento dos preços, a previsão é de que no dia 5 de outubro o setor receba mais um aumento, já que a última mudança de preço da Petrobras foi no dia 5 de julho. Esse foi o quarto acréscimo da estatal em um ano. O único mês em que houve diminuição nos preços do GLP foi janeiro para abril, quando o botijão de 13 kg passou de R$ 23,16 para R$ 22,13.

Por isso, alguns comerciantes optaram por esperar o segundo reajuste para, só depois, repassar aos consumidores finais. Isso é o que acredita o presidente do Sindvargas. “Alguns preferem esperar os dois aumentos. Em janeiro, a Petrobras alterou a política de reajuste. Antes era mensal, agora, é trimestral. Está vencendo mais um trimestre, então haverá reajuste”, explica Costa.

Para ele, dessa vez não será possível barrar o aumento aos consumidores. “Não temos nenhuma expectativa de quanto vai vir. Mas sabemos que quando tem um reajuste salarial da categoria, como esse que veio nesse mês, a Petrobras também vai vir com um aumento. Aí não dá para segurar dois reajustes”, pondera.

Data-base 

Conforme o Jornal de Brasília mostrou na semana passada, a alteração dos valores do GLP é referente à data-base dos trabalhadores de distribuição e revenda, que acontece no mês de setembro. “O reajuste foi definido no dissídio das companhias engarrafadoras. Repassaram para gente essa média de 3,9% e, automaticamente, vamos repassar ao consumidor a partir de segunda-feira”, explicou o presidente do Sindvargas.

Saiba mais 

De acordo com a Petrobras, 34% do valor do gás de cozinha é da estatal. Além disso, 47% vão para distribuição e revenda. Os outros 19% da composição do preço de venda ao consumidor são referentes aos tributos e encargos trabalhistas – 16% do ICMS e 3% do Pis/Pasep e Confis.

Conforme o site da  Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do GLP no Distrito Federal é de R$ 73,12. Segundo o levantamento, o preço mínimo é R$ 62, e o máximo de R$ 85.

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