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Economia

BNDES tem prejuízo de R$ 582 milhões no segundo trimestre

O banco diz já ter disponibilizado R$ 59,3 bilhões, em recursos próprios ou do Tesouro, para socorrer empresas em dificuldades financeiras durante a pandemia

Redação Jornal de Brasília

14/08/2020 11h29

Foto: Agência Brasil

Nicola Pamplona NICOLA PAMPLONA
Rio de Janeiro, RJ

Com aumento de provisões para calote e perdas em sua carteira de ações, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) registrou prejuízo de R$ 582 milhões no segundo trimestre de 2020. Foi o primeiro prejuízo desde o segundo trimestre de 2016, quando o banco perdeu R$ 3 bilhões.

Em entrevista para detalhar o balanço, o banco diz já ter disponibilizado R$ 59,3 bilhões, em recursos próprios ou do Tesouro, para socorrer empresas em dificuldades financeiras durante a pandemia. A crise reverteu curva de queda em consultas e aprovações de novos financiamentos.

A diretora financeira do BNDES, Bianca Nasser, frisou que o prejuízo do segundo trimestre foi contábil, resultado da ampliação em R$ 300 milhões das provisões para risco de crédito e da perda de R$ 1,2 bilhão com empresas em que o banco tem participação, principalmente a JBS.

Sem esses fatores não recorrentes, disse ela, o resultado seria lucro de R$ 1,3 bilhão. “O cenário macroeconômico foi responsável pelos principais impactos do balanço”, disse ela. No primeiro semestre, o banco acumula lucro de R$ 5 bilhões.

O desempenho em 2020 tem forte influência da política de redução da carteira de ações do banco. Em fevereiro, o BNDES vendeu R$ 22 bilhões e ações da Petrobras, na segunda maior oferta de ações já feita no país -perdendo apenas para a própria capitalização da estatal, em 2010.

Ao todo, o banco já se desfez de R$ 33,7 bilhões em ações, com ganho líquido de R$ 29 bilhões. Sem os efeitos não recorrentes no balanço, o lucro do primeiro trimestre seria de R$ 3,7 bilhões, informou a executiva.

Em agosto, o banco vendeu R$ 8,1 bilhões em ações da Vale. Essas operações são parte de uma estratégia para reduzir o tamanho de sua carteira de participações, que valia R$ 77,3 bilhões ao fim de junho e tem grande concentração em poucas empresas, como a Petrobras, a JBS e a Vale.

Com a pandemia, o BNDES vem experimentando crescimento em suas operações de crédito após anos de queda. No segundo trimestre, o banco desembolsou R$ 17,5 bilhões, 65% a mais que mesmo período do ano anterior.

Com o programa emergencial de suspensão de pagamentos de parcelas dos financiamentos, a receita com liquidações caiu em R$ 21 bilhões. Assim, a carteira de crédito do banco cresceu para R$ 444,3 bilhões.

Um dos alvos de críticas sobre as dificuldades do governo para conceder crédito a empresas durante a pandemia, o BNDES diz que o volume de recursos já emprestado por programas emergenciais que coordena chega perto de R$ 60 bilhões.

Nasser citou como principal destaque o programa de capital de giro para pequenas e médias empresas, que tinha orçamento original de R$ 5 bilhões, mas o valor foi dobrado diante da alta demanda. Até hoje, já emprestou R$ 6,4 bilhões a 19,6 mil empresas.

A suspensão de pagamentos já soma R$ 8 bilhões em operações diretas, com 430 empresas atendidas, R$ 4,4 bilhões para operações indiretas, para 28,5 mil empresas. Segundo Nasser, representa cerca de 30% da carteira do banco.

Ela lembrou que o banco trabalha ainda junto ao governo federal em dois novos programas: um que dá garantia do Tesouro aos financiamentos contratados por pequenas empresas e outro que vai emprestar recursos por meio de operadoras de maquininhas de cartões.

O objetivo do banco é tentar melhorar o acesso ao crédito pelos pequenos empreendedores, que hoje esbarram na falta de garantias para oferecer ao setor privado. A expectativa é que a oferta de garantias possa destravar até R$ 100 bilhões, mas o programa ainda não saiu do papel.

“Dedicamos muitos esforços para colocar [o programa] de pé e realmente consideramos que o impacto vai ser muito positivo”, disse ela.

O banco diz esperar em breve também a primeira operação de socorro ao setor aéreo, um dos mais atingidos pela crise. Segundo o diretor de Privatizações, Leonardo Cabral, a assinatura de contratos depende de renegociação das companhias com seus credores privados, que vem avançando.

O BNDES ampliou de R$ 2,4 bilhões para R$ 3,6 bilhões o valor disponível para o setor. O modelo em negociação prevê um pacote com dinheiro e títulos lastreados em ações. O BNDES entraria com 60% do valor, deixando 10% para credores e o restante, para o mercado de capitais.

As informações são da FolhaPress

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