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Economia

Ações contra efeitos do coronavírus permitem 3º dia seguido de alta na Bolsa

Início dos negócios na B3 foi de alta, dando sequência ao avanço registrado nos dois últimos pregões

Redação Jornal de Brasília

26/03/2020 11h55

(Rovena Rosa/Agência Brasil)

O início dos negócios na B3 foi de alta, dando sequência ao avanço registrado nos dois últimos pregões. Ainda que as preocupações persistam, investidores locais e do externos tentam se acalmar, na esperança de que as medidas que estão sendo anunciadas ajudem a abrandar os impactos do coronavírus, de forma a permitir uma volta à normalidade o quanto antes.

No entanto, sinais renovados de enfraquecimento da economia mundial empurraram as bolsas europeias e os índices futuros de Nova York para baixo mais cedo. Esse temor ganhou força após indicadores fracos da Alemanha e do Reino Unido, além dos dados semanais do mercado de trabalho dos EUA, que tiveram o maior volume da história.

Segue no radar dos investidores a expectativa de aprovação final do pacote em torno de US$ 2 trilhões para o combate à pandemia nos EUA, amanhã, na Câmara. A ajuda já fora aprovada pelos republicados na madrugada de quarta-feira e, hoje, no Senado.

Na opinião da economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, de forma geral, os preços das ações podem ter ficado barato e, com isso, investidores estejam aproveitando. “Muitos papéis de empresas com boa situação e que podem não ser tão afetadas pela crise ficaram atrativos. Pode ser que estejamos entrando num ciclo menos perverso, menos vicioso. Porém, isso não significa que logo o Ibovespa retomará os 100 mil pontos”, avalia, completando ainda que pode ser que, para o mercado, há a perspectiva de melhora, mas não que as coisas voltarão a ficar do jeito que estavam rapidamente. “As medidas anunciadas são bem-vindas, mas é preciso esperar como afetarão a economia real”, diz Camila. Às 11h31, o Ibovespa subia 4,00%, aos 77.950,30 pontos.

Para a analista Sandra Peres, da Terra Investimentos, o cenário ainda é bem complicado, o que não impede momentos de volatilidade. Com o número de pessoas infectadas pela doença subindo principalmente nos EUA e na Itália e, agora, na Espanha falando que esse montante pode estar superando o da China, “tudo isso prejudica o humor do investidor.”

Além do mais, a analista acredita que, internamente, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de janeiro, mesmo que tenha subido, veio aquém do esperado e ainda não teve efeito do coronavírus, o que pode elevar a cautela no mercado interno. “E o Relatório Trimestral de Inflação veio em linha com os documentos anteriores, com viés de inflação e atividade baixas. Apesar disso, o Banco Central pode manter a Selic 3,75% nas próximas reuniões. Em outros países, a queda de juro parece não estar surtindo efeito. Então, o BC talvez siga nesta linha”, opina.

Com o crescimento no total de pessoas contaminadas pelo coronavírus nos EUA, a analista ressalta que talvez a economia norte-americana fique mais tempo parada do que o estimado antes. Nesta quinta, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) voltou a falar sobre o coronavírus. Afirmou que o Fed fornecerá os empréstimos que forem necessários para apoiar o crédito, mas admitiu que o país já esteja em recessão.

No Brasil, o quadro de atenção não deve ser diferente, onde os governadores tendem a continuar a adotar medidas financeiras e de isolamento da população para limitar os impactos do coronavírus, a despeito das recomendações contrárias do presidente Jair Bolsonaro que pede a abertura do comércio, por exemplo.

A despeito de ter subido 7,50%, perto dos 75 mil pontos (74 955,57 pontos), ontem, em recuperação pelo segundo dia seguido, em Live do Coffee & Stocks, comandado pelo analista Thiago Salomão, da Rico Investimentos, Fernando Ferreira, chefe da área de análise da XP Investimentos, afirmou que o Brasil precisa de um pacote mais forte para abrandar os efeitos da pandemia. Porém, lembra, que a questão fiscal é um restritivo. “Enquanto nos EUA, na Alemanha os pacotes giram torno de 10% do PIB, aqui é de cerca de 2% do PIB. É muito tímido”, avaliou.

Estadão Conteúdo

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