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Coluna do Aquiles

Edy é uma estrela

Arquivo Geral

03/01/2018 20h20

Nos dias de hoje, em que estamos cada vez mais atentos ao preconceito contra negros, índios, pobres, deficientes físicos, religiões, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros, afirmamos que as liberdades de gênero e de expressão são um direito de todos os brasileiros e que escolher a quem amar é uma prerrogativa inconteste da cidadania.

Como a violência ultrapassou todos os graus de civilidade, já beirando a barbárie, urge combatermos a selvageria do preconceito.

Isso posto, vamos a Cabaré Star (Saravá Discos), CD de Edy Star produzido por Zeca Baleiro e Sérgio Fuad, ele que também gravou e mixou o trabalho, o primeiro desde Sweet Edy, LP lançado em 1974.

Antes de mais nada, devo dizer que acho importante saber que Edy foi o primeiro artista a reconhecer publicamente a sua homossexualidade; que acho admirável vê-lo tocando a vida, lixando-se para quem o vê apenas como um “viado” escandaloso; bem como acho o máximo que ele, a meses de completar 80 anos, continua sendo um artista múltiplo e criativo.

Mas o fundamental é que Edy é uma estrela!

Aplaudo-o por ser o criador instigante que é; por viver do jeito que bem entende, fazendo o que lhe dá na telha – assim o ótimo Cabaré Star é a sua cara –, rebeldia a cada sílaba, ousadia a cada compasso, alegria a cada pausa.

Edy é uma festa!

“Eu Fiz Pior” (Lula Côrtes) abre quebrando tudo. A voz de Edy lembra a de Raul Seixas. Desafiador, ele afirma que fez tudo pior, o que, antes de ser uma autocrítica, é uma cusparada na cara dos caretas.

Edy é roquenrrol!

“O Que Será de Nós” (Sergio Sampaio) é uma balada a bater de frente com a desolação: “Quem vai lembrar você?/ Quem lembrará de mim?/ O que será de nós?” A depressão é viva na vida de Edy.

“Procissão” (Gilberto Gil e Edy Star). Só agora Edy foi reconhecido como parceiro de Gil. A levada de samba de roda tem a percussão e a viola em destaque.

A significativa “Se o Cantor Cantar” (Zé Rodrix e Maria Lúcia Viana), além da participação amorosa de Caetano Veloso, solando e cantando em duo com Edy, tem belo arranjo, com direito a bom intermezzo de sax.

Coube a Nei Matogrosso, junto com Edy, revitalizar a letra safadinha de “Peba na Pimenta” (João do Vale, José Batista e Adelino Rivera).

Zeca Baleiro e Angela Maria cantam com Edy o tango “Dezessete Vezes”, presente de Zeca para Edy. Tudo começa com Angela cantando a capella. Vêm os instrumentos na levada portenha, enquanto Edy canta.

“Perdi o Medo” (Odair José) tem participação de Felipe Catto. O arranjo suingado mantém o brilho da composição de 1970.

“Merda”, de Caetano Veloso, ele que também atua junto com Edy, tem toques do bumbo antecedendo os versos. E o samba surge firme. Os metais soam. Desdobrando o andamento, “Merda” segue crescendo.

Emocionante é Edy Star cantando com Emílio Santiago “Ave Maria no Morro” (Herivelto Martins), acompanhados só por um violão – a tecnologia permitiu a “mágica”. Simplesmente lindo! Meu Deus!

Viva a estrela Edy Star!

Aquiles Rique Reis, vocalista do MPB4

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